Economia portuguesa cresce abaixo do previsto até 2017, segundo Bruxelas - TVI

Economia portuguesa cresce abaixo do previsto até 2017, segundo Bruxelas

Comissão Europeia reviu em baixa o crescimento económico esperado este ano para 1,5%, quando nas previsões de inverno, divulgadas em fevereiro, previa que o PIB avançasse 1,6%

A Comissão Europeia piorou a sua estimativa de crescimento da economia portuguesa para 1,5% este ano e para 1,7% no próximo, previsões em ambos os casos mais pessimistas do que as apresentadas pelo Governo.

Nas previsões de primavera divulgadas hoje, a Comissão Europeia reviu em baixa o crescimento económico esperado este ano para 1,5%, quando nas previsões de inverno, divulgadas em fevereiro, previa que o Produto Interno Bruto (PIB) avançasse 1,6%.

Bruxelas piorou também a sua previsão para o crescimento do PIB português em 2017: se nas previsões de inverno estimava um crescimento económico de 1,8%, agora antevê que a economia portuguesa avance 1,7%.

Assim, a Comissão Europeia mostra-se mais pessimista do que o Governo liderado por António Costa face ao crescimento económico português nos próximos dois anos, prevendo que o PIB português cresça abaixo do ritmo previsto no Programa de Estabilidade. No documento, remetido já a Bruxelas, o executivo comprometeu-se com um crescimento do PIB em 1,8% em 2016 e 2017.

Além disso, Bruxelas admite que o crescimento económico português pode ser prejudicado pela “incerteza política, os desenvolvimentos nos mercados financeiros e uma pressão persistente de desalavancagem sobre o setor privado”.

O executivo comunitário justifica estas previsões com um crescimento mais fraco do consumo privado nos dois anos, sobretudo devido “ao aumento dos impostos indiretos e a uma ligeira retoma dos preços da energia”.

“A forte recuperação no consumo de bens duradouros na primeira metade de 2015 não se vai manter no médio prazo, uma vez que se prevê que o desemprego ainda elevado e os altos níveis de endividamento pressionem negativamente as poupanças das famílias”, afirma a Comissão.

No entanto, considera, “o crescimento de curto prazo no consumo privado deve ser suportado por medidas de apoio a baixos salários e o aumento no salário mínimo”.

Bruxelas estima que a taxa de desemprego deve permanecer acima dos dois dígitos nos próximos anos, representando 11,6% da população ativa em 2016 (0,2 pontos percentuais acima do previsto pelo Governo) e 10,7% em 2017 (0,2 pontos percentual abaixo do antecipado pelo executivo).

A Comissão prevê uma desaceleração no investimento em 2016 em dois pontos percentuais do PIB, um “abrandamento significativo, sobretudo no investimento empresarial, que se deve sobretudo a um efeito de arrastamento negativo, face ao fraco investimento em equipamentos verificado na segunda metade de 2015”.

Em 2017, “o crescimento do investimento deve ganhar um novo impulso, suportado por fundos estruturais da União Europeia e pela melhoria das condições de financiamento”.

Por outro lado, Bruxelas escreve que as “trocas comerciais permaneceram fracas no início de 2016, refletindo o ambiente externo frágil que se verifica desde meados de 2015”, antecipando, por isso, que as exportações cresçam em linha com a procura externa.

“As importações vão pesar mais do que as exportações durante o horizonte das previsões. Em resultado, a contribuição da procura externa líquida deve permanecer ligeiramente negativa, embora significativamente menos do que em 2015”, afirma a Comissão.

Por outro lado, Bruxelas aponta que a taxa de inflação subiu para 0,5% em março, ficando acima da média da zona euro, esperando por isso que a taxa de inflação suba para 0,7% em 2016, “principalmente devido ao aumento dos impostos indiretos”, e para 1,2% em 2017.

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