Economia portuguesa desacelera menos que o previsto - TVI

Economia portuguesa desacelera menos que o previsto

O Instituto Nacional de Estatística anuncia que o Produto Interno Bruto subiu 0,9% em termos homólogos e 0,2% face ao trimestre anterior. Ministro das Finanças tem a "expectativa" que taxas de crescimento acelerem

O Instituto Nacional de Estatística (INE) acaba de divulgar a economia portuguesa desacelerou no primeiro trimestre deste ano, ao crescer 0,9% em termos homólogos e 0,2% em termos face ao trimestre anterior. Mesmo assim, uma descida menor que a esperada inicialmente, na estimativa rápida de 13 de maio (0,8% face ao homólogo e 0,2% em cadeia).

Embora a quebra seja inferior que a inicialmente prevista, o fato é que no trimestre anterior o Produto Interno Bruto (PIB) tinha crescido 1,3% em termos homólogos. Ou seja, a economia está a perder terreno.

A procura externa líquida é um dos dados a penalizar o crescimento, registou um contributo negativo de 1,1 pontos percentuais na variação homóloga, igual ao observado no quarto trimestre de 2015, com desaceleração tanto das exportações como das importações de bens e serviços.

Na comparação com o primeiro trimestre de 2015, verifica-se que as exportações caíram para 2,2% do produto contra os 7,1% de há um ano. Já as importações desceram para 4,6% em relação aos 7,3% homólogos.

Comparativamente com o quarto trimestre de 2015, as exportações totais diminuíram 0,7% enquanto as importações aumentaram 1%.

Exportações e investimento em queda

O INE refere que no período em análise “continuaram a verificar-se ganhos nos termos de troca significativos, embora de menor magnitude que o observado nos dois trimestres anteriores”.

E se as exportações não ajudaram, do investimento também não chegaram boas notícias. A avaliar pelos números divulgados hoje, o investimento caiu 0,6%, após o crescimento homólogo de 4,4% no trimestre anterior.

Com as exportações e o investimento em rota descendente, o consumo veio dar uma ajuda à economia portuguesa.

Entre Janeiro e Março, o contributo da procura interna foi de dois pontos percentuais, inferior ao observado no trimestre precedente (2,4 pontos percentuais) “devido à redução do investimento, uma vez que o consumo privado acelerou e o consumo público manteve o ritmo de crescimento do trimestre anterior”, diz o instituto.

De fato o consumo privado subiu 2,9% no primeiro trimestre, 0,6 pontos percentuais acima da taxa verificada no trimestre anterior. Uma subida motivada pela compra de bens duradouros, em larga medida devido à aquisição de automóveis que acabou por empurrar esta componente do consumo para uma subida de 12,8%.

O aumento do consumo privado pode parecer animador se não pensarmos que compra de carros tem outro efeito: o aumento das importações que, com as exportações em queda, nada trará de bom à economia.

A "expectativa" de Centeno

A partir de Paris, onde participou no fórum anual da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, o ministro das Finanças disseque a sua “expectativa" é que "ao longo do ano de 2016” as taxas de crescimento da economia acelerem para concretizar “os desejos todos” e o que está escrito no Orçamento do Estado.

“É necessário ter confiança que conseguimos repor a economia em crescimento. Os 0,2% [de crescimento do PIB] do primeiro trimestre são iguais aos 0,2 do quarto trimestre. A expectativa é que ao longo do ano 2016 essas taxas acelerem e que consigamos materializar aquilo que são os desejos todos e também aquilo que está escrito no Orçamento do Estado”

Mário Centeno admite que “há uma necessidade de reforçar as expectativas para que o investimento se possa materializar”. Ao mesmo tempo, alerta que “a economia portuguesa sofre nesta fase de alguns eventos externos”, como “as dificuldades sentidas em mercados específicos como Angola e Brasil nos últimos meses”.

Esta manhã, em entrevista ao canal de negócios CNBC, o ministro disse que “a paciência é a essência para a recuperação económica”, uma ideia que defendeu em declarações aos jornalistas portugueses em Paris, sublinhando que “a pressão económica e financeira sobre a Europa é muito grande” e que deve haver um alinhamento “na capacidade de esperar que elas [as medidas] surtam os seus efeitos”.

“A paciência a que eu me referi é uma dimensão - até quase que de análise económica - em que nós trazemos um conjunto de reformas que foram feitas na economia portuguesa, um conjunto de alterações que estão a ser implementadas neste momento, para que todas as instituições envolvidas, concordando com as medidas, adicionem o tal fator de paciência que significa o tempo para que estas medidas se materializem em termos económicos", acrescentou.

 

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