Quem quer gerir o condomínio da Terra? - TVI

Quem quer gerir o condomínio da Terra?

Planeta Terra [arquivo]

Projecto global de preservação do planeta lançado em Gaia

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Uma campanha global para a preservação do planeta, tendo como base um vídeo que a Lusa disponibiliza a partir desta sexta-feira, vai ser lançada terça-feira em Gaia, propondo a gestão da Terra como uma administração de condomínio, escreve a Lusa.

«O que está em causa é um novo modelo de organização, um novo modelo económico, em que se junta a necessidade humana de propriedade com a necessidade de prosseguirmos interesses comuns», afirmou Paulo Magalhães, principal promotor do Condomínio da Terra, em declarações à Lusa.

Subida do nível do mar duas vezes superior

Nessa perspectiva, salientou a importância de definir o que pode ser alvo de propriedade individual e o que não pode ser juridicamente divisível.

«Da mesma forma que é impossível dividir o telhado de um prédio, o facto de todos dormirmos debaixo dele faz com que tenha que estar a funcionar. Não adianta dizer que aquela telha é minha e a outra é tua, temos que ter um sistema que garanta que todas as telhas funcionam», frisou o ambientalista.

No Condomínio da Terra, as partes individuais são o território de cada Estado, enquanto as partes comuns incluem a atmosfera, a hidrosfera e a biodiversidade.

Planeta funciona como um todo

As preocupações que estão na origem deste projecto surgiram quando começou a ser evidente que «vivemos num planeta que funciona como um todo, que é interdependente».

Nesse sentido, Paulo Magalhães salientou, entre outros exemplos, a importância da floresta amazónica, que «presta um serviço de que todos usufruímos».

«Não está em causa a soberania sobre a Amazónia, que é do Brasil, mas a manutenção daquele espaço deve ser uma actividade económica. As árvores têm que valer mais vivas do que em madeira e, neste momento, só têm rentabilidade económica quando são transformadas em madeira», afirmou.

Economia insustentável

Por essa razão, defendeu que «num planeta limitado, é insustentável ter uma economia baseada numa produção ilimitada».

«Temos que criar, ao lado da economia de produção, uma economia de manutenção das partes comuns, isto é, tem que haver pessoas, empresas, países, cujo trabalho é cuidar das florestas, limpar as águas, garantir o funcionamento dos ecossistemas», defendeu.

Na perspectiva dos promotores do Condomínio da Terra, «é inevitável uma governação global das partes comuns», considerando que «a única dúvida é se ainda vamos a tempo».

Que os homens se entendam

«Nenhum Estado pode dizer que não quer as alterações climáticas e fazer uma lei que as proíba no seu território. É inevitável que os homens se entendam sobre esta matéria, porque, se não o fizerem, o destino está traçado», advertiu.

Na cerimónia que se realiza terça-feira em Gaia, localidade portuguesa que tem o nome da deusa grega da Terra, será apresentado o vídeo que apresenta o projecto, disponível no novo site do Condomínio da Terra, na Lusa e no YouTube.

Na mesma ocasião, será lançada a assinatura on-line da Declaração de Gaia, através da qual os cidadãos do planeta afirmam aceitar a sua gestão como um condomínio.

No início de Julho, com a presença de várias personalidades e representantes de instituições internacionais na área do ambiente e da economia ambiental, será formalizada esta declaração.

Paulo Magalhães manifestou a convicção de que este projecto poderá vir a mudar o actual quadro do planeta, frisando que «o poder político faz o que as pessoas decidirem».

«Ninguém pode contrariar que o modelo actual não funciona, foi feito numa altura em que não sabíamos que o planeta funcionava assim (de forma interdependente). Agora que sabemos, temos que adaptar o modelo ao funcionamento do planeta», afirmou.
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