Lisboa: acção antifascista pode causar confrontos - TVI

Lisboa: acção antifascista pode causar confrontos

  • Portugal Diário
  • Pedro Sales Dias
  • 15 mar 2007, 13:30
Esboço do Mural alusivo ao 25 de Abril que vai ser feito na FLUL

40 elementos do PNR presentes. Faculdade proíbe pintura e chama polícia

A Faculdade de Letras de Lisboa (FLUL) vai ser palco, durante a tarde desta quinta-feira, de uma iniciativa que visa lutar contra «frequentes» episódios de «ameaças a estudantes, pintura de símbolos fascistas e destruição de antigos murais de Abril».

O alerta é de Paulo Marques, do grupo de jovens anti-fascistas da FLUL e da União dos Resistentes Anti-fascistas Portugueses (URAP), que organizam a iniciativa marcada para as 16 horas. O dirigente referiu ao PortugalDiário que na origem desses episódios estão «elementos do Partido Nacional Renovador (PNR)».

O presidente do Conselho Directivo da FLUL, Álvaro Pina, prevê confrontos e por isso decidiu que irá impedir a pintura «não autorizada» recorrendo à PSP.

«O Partido Nacional Renovador (PNR) e a Juventude Nacionalista (JN) não estarão oficialmente presentes, mas começaram entretanto a correr algumas mensagens de telemóvel, e sei que lá estarão - sem intuito de violência - cerca de 40 elementos afectos ao PNR», referiu Rita Vaz, presidente da JN.

«É uma iniciativa da ingenuidade comunista, dos que dizem ser campeões da tolerância, quando afinal são totalitários», acusou o presidente do PNR, José Pinto Coelho, que refutou as acusações da URAP.

«A faculdade não tem feito nada»

Através da pintura de um mural alusivo ao 25 de Abril, os estudantes de várias faculdades de Lisboa, pretendem repudiar a série de «ameaças pessoais» que se têm registado na FLUL e às quais não tem havido resposta. «A faculdade não tem feito nada e o Estado tem de assumir as suas responsabilidades. O fascismo existiu e existe», exortou Paulo Marques acusando o Conselho Directivo da FLUL de «não impedir nem limpar a pintura de símbolos fascistas, numa faculdade com uma tradição de luta contra o regime. Têm a consciência pesada», frisa. Segundo o aluno predomina nos responsáveis da FLUL «a lógica de que não vale a pena» fazer alguma coisa.

Para iniciativa foram convidados alguns alunos da Faculdade de Belas Artes de Lisboa, mas Paulo Marques mostra-se algo reservado quanto à adesão. «As pessoas têm receio, mas isso tem de acabar», defende.

«Branqueamento do fascismo em Portugal»

Por outro lado, a URAP chama a atenção para aquilo a que considera ser o actual movimento nacional de «branqueamento do fascismo em Portugal», através do programa televisivo da RTP Os Grandes Portugueses. «Só em Lisboa existem 200 cartazes alusivos ao programa e não podemos esquecer que Salazar é o símbolo do fascismo», referiu o dirigente académico acusando a estação pública de «pactuar» com esse branqueamento.

A URAP criticou ainda a criação «de um museu dedicado ao saudosismo Salazarista, na terra do fascista, que custará cerca de cinco milhões de euros, numa autarquia endividada e cujo responsável técnico será o sobrinho de Salazar».
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