Foi assim durante 48 anos, na imprensa, nos livros, no cinema, no teatro, na rádio, nos reclames, nem um único dia sem Censura. A Censura foi provavelmente a mais eficaz instituição da ditadura, a PIDE macerava os corpos, a Censura colocava um saco de plástico à volta da nossa cabeça e apertava. A sua eficácia vinha de ser invisível: não se sabia o que cortava, os milhares de notícias e textos anódinos pelos quais perpassava o mais ténue sinal de desrespeito pelas autoridades, do regedor até sua excelência o senhor Presidente do Conselho António de Oliveira Salazar. Muito mais do que subversão, ou a dissidência política ou a oposição, o que contava era a “paz nos espíritos” baseada no princípio de autoridade. Muitos destes cortes cheiravam a mofo, mas era um mofo pegajoso, que atacava os olhos, os ouvidos, a boca, as mãos, para entrar pela cabeça dentro e instalar-se como medo e submissão. 48 anos foi muito tempo. Nem todo o mofo saiu.
(Recortes da Colecção da Censura do ARQUIVO EPHEMERA).
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