Armando Vara foi levado para o Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, onde irá passar a noite, tal como aconteceu a José Sócrates, após ser detido no aeroporto de Lisboa, em novembro passado. Irá ser ouvido pelo juiz Carlos Alexandre sexta-feira, no Tribunal de Instrução Criminal.
Durante toda esta quinta-feira, decorreram buscas em vários locais, inclusivamente na residência de Armando Vara.
Segundo a agência Lusa, que cita fonte ligada ao processo, as buscas ocorreram na sede da Caixa Geral de Depósitos, na caso do ex-ministro, em Cascais, e também nos escritórios deste. E decorreram entre as 11:00 e as 19:00.
A operação foi levada a cabo por um magistrado do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), mas o Ministério Público foi coadjuvado pela Autoridade Tributária (AT) e pela Polícia de Segurança Pública (PSP).
Ao final da noite, a Procuradoria-Geral da República (PGR), confirmou a detenção do ex-governante, através de um comunicado enviado aos órgãos de comunicação social, explicando que tinha sido "emitido um mandado de detenção fora de flagrante delito, para sujeição a interrogatório judicial".
O Ministério Público avança ainda que "estão em causa factos susceptíveis de integrarem os crimes de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais".
Confirmando em seguida "buscas domiciliárias, em instalações de sociedades e numa instituição bancária".
Conhecido por ser próximo de José Sócrates, Armando Vara, já foi condenado na justiça portuguesa a cinco anos de prisão, num outro processo conhecido como Face Oculta.
Neste caso, o antigo ministro socialista foi condenado por três crimes de tráfico de influência de que estava acusado.
Recorde-se que Armando Vara foi ministro Adjunto do Primeiro-Ministro no segundo Governo liderado por António Guterres.
Além de ministro e secretário de Estado, Armando Vara desempenhou também os cargos de administrador da CGD e do Millennium BCP
No âmbito da “Operação Marquês”, José Sócrates é o único arguido que continua em prisão preventiva no estabelecimento prisional de Évora, indiciado por fraude fiscal qualificada, corrupção e branqueamento de capitais.
Em prisão domiciliária no âmbito deste processo encontram-se o empresário Carlos Santos Silva, amigo de Sócrates, e o administrador do grupo Lena Joaquim Barroca. O ex-motorista de Sócrates, João Perna, encontra-se em liberdade provisória mediante apresentações periódicas, depois de ter estado em prisão preventiva.
Neste processo, ainda arguidos são o administrador da farmacêutica Octapharma Paulo Lalanda de Castro, a mulher de Carlos Santos Silva, Inês do Rosário, e o advogado Gonçalo Trindade Ferreira.
Notícias publicadas na imprensa indicam que o Ministério Público suspeita que Sócrates terá recebido "luvas" no valor de 12 milhões de euros, relacionadas com o empreendimento Vale do Lobo, Algarve, através de um circuito financeiro que envolveu os empresários Helder Bataglia (ex-administrador da ESCOM), Joaquim Barroca (grupo Lena) e Carlos Santos Silva, este último amigo de longa data do ex-primeiro-ministro.
A defesa de Sócrates já desmentiu em absoluto qualquer intervenção de Sócrates no Plano Regional de Ordenamento do Territorio (PROT) Algarve 2 com vista a beneficiar o empreendimento de luxo de Vale do Lobo, na costa algarvia.