Alegre: discurso de Cavaco com «uma palavra a mais» - TVI

Alegre: discurso de Cavaco com «uma palavra a mais»

Manuel Alegre

Candidato à Presidência diz que discurso de Cavaco foi adequado, mas o actual presidente não devia ter pronunciado a palavra «insustentável»

O candidato socialista à Presidência da República, Manuel Alegre, considerou que o discurso de Cavaco Silva foi «adequado», mas tem «uma palavra a mais que é insustentável», uma vez que cabe ao Presidente dar uma palavra de «confiança».

Em declarações à agência Lusa, Alegre, que disse que não ouviu o discurso do Presidente da Repúblicanas comemorações do dia 10 de Junho, tendo apenas lido o documento, considera que era preciso «incutir confiança» e «mobilizar os portugueses, por maiores que sejam as dificuldades». «Uma parte do discurso parece-me adequada à circunstância sobre a fundação do 10 de Junho: falou em pátria, liberdade, independência. Mas a certa altura, o Presidente entra em contradição porque diz que não foi com desânimo que os portugueses chegaram à Índia, o que é verdade, e depois falou de uma situação insustentável», argumentou o candidato presidencial.

«Penso que é uma expressão um pouco excessiva para um dia destes porque o senhor Presidente deve incutir confiança, ser mobilizador para vencermos as dificuldades em que nos encontramos. Acho uma palavra que está a mais que é a palavra 'insustentável' porque não há situações insustentáveis - ou pelo menos Presidente não deve falar em situações insustentáveis - e, num dia destes, o discurso do Presidente deve ser de confiança e de mobilização por maiores que sejam as dificuldades», acrescentou Manuel Alegre.

Já o outro candidato presidencial Fernando Nobre disse que o discurso do Presidente da República se enquadra «já na retórica de campanha», considerando que «a intervenção só peca por ser tardia». «Não vamos iludir-nos. Cavaco Silva já está em campanha mesmo que só anuncie oficialmente em Outubro ou em Novembro», afirmou.

O PSD e o CDS concordam com o pedido de sacrifícios a todos feito por Cavaco Silva. O secretário-geral do PSD considera que o discurso do 10 de Junho de Cavaco Silva «simboliza bem a actualidade», sublinhando que os exemplos têm que vir de cima nos sacrifícios que estão a ser pedidos aos portugueses. O líder do CDS-PP subscreveu a intervenção do Presidente da República, que defendeu uma repartição justa e equitativa dos sacrifícios pedidos aos portugueses no contexto da crise económica e financeira.

O líder do BE, Francisco Louçã, acusou o Presidente da República de fazer um discurso «socialmente arrogante», referindo-se às declarações de Cavaco Silva no âmbito do 10 de Junho, e apresentou uma proposta para «salvar o Serviço Nacional de Saúde». Em conferência de imprensa, Louçã criticou o facto de Cavaco Silva ter apelado aos governantes para que «expliquem melhor» as medidas de austeridade.

«O Presidente da República, na cerimónia do dia 10 de Junho, voltou a insistir que é necessário explicar melhor a austeridade aos portugueses [considerando que] se lhes for melhor explicado por que aumentam os impostos, então, sentirão menos este aumento. Nada de mais errado e até nada de mais socialmente arrogante», afirmou o líder do BE.

O presidente do Governo Regional dos Açores, Carlos César, considerou que Cavaco Silva esteve «cansado e sem entusiasmo» no discurso do Dia de Portugal, onde afastou responsabilidades sobre a actual crise.
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