BES: PS volta a chamar para depor Carlos Costa e ministra das Finanças - TVI

BES: PS volta a chamar para depor Carlos Costa e ministra das Finanças

Pedro Nuno Santos, PS

Partido irá ainda requerer novas audições com Ricardo Salgado e José Maria Ricciardi

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O PS anunciou esta quinta-feira que vai voltar a chamar para depor na comissão de inquérito parlamentar à gestão do BES e do GES a ministra das Finanças e o governador do Banco de Portugal (BdP).

Esta posição foi anunciada pelo vice-presidente da bancada socialista Pedro Nuno Santos, adiantando que o PS também irá requerer novas audições com o ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, e com o presidente do BESI, José Maria Ricciardi.

«É para nós claro que o governador do BdP [Carlos Costa] tem de voltar, porque à medida que vai sendo posto em causa na comissão de inquérito vai fazendo chegar à Assembleia da República novos documentos. Portanto, tem de explicar por que razão esses documentos não foram entregues logo de início e qual a razão para fazer pingar documentos à medida que a comissão de inquérito vai avançando», justificou o dirigente da bancada socialista.


De acordo com Pedro Nuno Santos, a atitude de Carlos Costa parece ser «defensiva, o que em nada contribui para o apuramento da verdade».

Mas o dirigente socialista visou também a titular da pasta das Finanças, para além do ex-presidente do BES e do presidente do Banco Espírito Santo de Investimento (BESI), José Maria Ricciardi.

«A ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, tem de voltar à comissão de inquérito; Ricardo Salgado tem de voltar e José Maria Ricciardi também tem de voltar», completou o coordenador dos socialistas na comissão de inquérito às gestões do BES e do GES (Grupo Espírito Santo).


Perante os jornalistas, o vice-presidente da bancada do PS defendeu que a comissão de inquérito parlamentar já fez uma primeira ronda de audições, com depoimentos dos principais responsáveis institucionais (Governo e reguladores), assim como com atuais ou ex-administradores do BES e do GES, concluindo-se que, «infelizmente, não há heróis neste processo».

«Não há ninguém que no final deste processo possa autoproclamar-se como herói. Temos uma gestão que alegadamente terá cometido crimes, cuja responsabilidade pelo apuramento desses crimes será dos tribunais, mas também se sabe que os responsáveis pela gestão do BES mantiveram-se demasiado tempo em funções, até ao dia 13 de julho de 2014. Essa permanência da administração de Ricardo Salgado até 13 de julho passado inviabilizou qualquer sucesso que poderia ter a estratégia delineada pelo Banco de Portugal», sustentou Pedro Nuno Santos.


«É lamentável que o primeiro-ministro tente condicionar as conclusões da comissão de inquérito»

O PS acusou o primeiro-ministro de tentar condicionar as conclusões da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES, sustentando que o PSD mudou abruptamente de posição sobre a atuação do governador do Banco de Portugal.

Pedro Nuno Santos, vice-presidente da bancada socialista, falava no final da reunião semanal do Grupo Parlamentar do PS, num contexto de críticas à atuação de gestores anteriores e atuais do Banco Espírito Santo (BES) e do Grupo Espírito Santo (GES), ao Governo de coligação PSD/CDS e aos reguladores, sobretudo ao Banco de Portugal (BdP).

«O primeiro-ministro já por várias vezes fez declarações, apelando para que a comissão de inquérito parlamentar se foque na gestão. O PS responde-lhe que se irá focar na gestão do banco, na regulação, mas igualmente no papel do Governo. É lamentável que o primeiro-ministro tente condicionar as conclusões da comissão de inquérito», declarou Pedro Nuno Santos.


Segundo o dirigente da bancada socialista, está por explicar "por que motivo o PSD iniciou os trabalhos na comissão de inquérito parlamentar com uma atitude agressiva relativamente à regulação, particularmente no que respeita ao Banco de Portugal, mas, de um dia para o outro, deu uma cambalhota".

«O PSD passou depois a dizer que o governador do Banco de Portugal [Carlos Costa] teve uma intervenção irrepreensível ou rigorosa. Sem qualquer explicação, o PSD passou do ataque ao governador do Banco de Portugal para a sua defesa. Mas o PS não deixará ninguém de fora», contrapôs.


Num outro recado dirigido ao PSD, Pedro Nuno Santos criticou a atuação do ex-presidente do BES, Ricardo Salgado, que considerou "o responsável máximo" por aquilo que se passou no banco, mas avisou que os socialistas combaterão tentativas "para que administradores executivos do BES facilmente se desresponsabilizem sobre o que aconteceu no banco" - uma alusão ao presidente do BESI, José Maria Ricciardi.

«Administradores executivos do BES até ao fim são também responsáveis, e se dizem que não sabem o que se passou lá então deviam saber. A verdade é que são todos responsáveis, apesar de haver um responsável máximo que foi Ricardo Salgado», salientou o coordenador da bancada socialista na comissão parlamentar de inquérito.


Nas declarações que fez aos jornalistas, Pedro Nuno Santos fez ainda várias críticas à atuação de Carlos Costa entre o final de 2013 e o início de agosto de 2014, e ao Governo.

«Se a administração de Salgado fosse substituída logo em 2013, as garantias de eficácia da estratégia do Banco de Portugal eram bem maiores, porque seriam executadas por alguém que não tinha interesse em proteger o ramo não financeiro. Já o Governo, apoiou primeiro a estratégia de não substituição de Salgado antes de julho de 2014 e foi o ator principal da resolução política que implicou a injeção de 3,9 mil milhões de euros do erário público», advogou o dirigente da bancada do PS.


Pedro Nuno Santos considerou que a intervenção do Governo não foi boa para o país, alegando que, inicialmente, se baseou na existência de um buraco financeiro de 1,5 mil milhões de euros, mas que acabou em 4,9 mil milhões de euros.

«O que explica essa diferença três vezes superior à prevista é muito provavelmente o crédito concedido pelo BES ao Banco Espírito Santo de Angola (BESA). Ao colocar o BESA no BES mau, a resolução [do Governo] facilitou a revogação da garantia [do Estado angolano]», admitiu o coordenador do PS na comissão de inquérito parlamentar.

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