Catarina Martins: é "um insulto" classificar BE como extrema-esquerda - TVI

Catarina Martins: é "um insulto" classificar BE como extrema-esquerda

  • 15 jan 2019, 18:46
Catarina Martins

"Não tem nenhuma razão de ser", defende a coordenadora do Bloco de Esquerda

A coordenadora do BE entende que é “um insulto” a classificação do partido como extrema-esquerda, mostrando-se “bastante preocupada” em relação à legislação laboral já que o PS mantém, na essência, “as ideias que levou a votos em 2015”.

Em entrevista ao jornal online Observador, Catarina Martins defendeu que se a proposta do Governo para a Lei de Bases da Saúde “tivesse as declarações da ministra da Saúde, era perfeita”, criticando a ambiguidade do texto quanto às “relações com os privados”.

Sobre a classificação do BE como partido de extrema-esquerda, a coordenadora bloquista não poupou nas palavras:

Isso é um insulto, normalmente atirado ao BE, que não tem nenhuma razão de ser. Até me agradam definições como esquerda radical, que fazem essa diferença. Esquerda radical tem a ver com a raiz da esquerda, a raiz das lutas e, portanto, tem todo o sentido. O termo extrema-esquerda está associado a totalitarismos, a perseguição e a ódio, [o que garante que não se encontram no BE]".

"Sou mais pessimista em relação à legislação laboral"

Questionada se em relação à legislação laboral tinha expectativas mais pessimistas do que na Lei de Bases da Saúde, a coordenadora do BE foi perentória: “Sou mais pessimista em relação à legislação laboral, aí estou bastante preocupada”.

O Partido Socialista é o Partido Socialista (...) É um partido suficientemente grande para ter diferenças de opinião internas, mas eu chamo a atenção que o PS mantém, na essência, as ideias que levou a votos em 2015. Isso vê-se na legislação laboral, vê-se por exemplo na decisão do Governo Regional dos Açores de privatizar a SATA, onde o PS tem maioria absoluta. Ou seja, onde não está limitado por um acordo à esquerda, a primeira coisa que decide é que a solução para um problema é a privatização”.

De acordo com a líder bloquista, “não é novidade para o BE que o PS tem, do ponto de vista da legislação laboral, uma visão liberal”.

Professores têm tido "vida infernal"

A questão das carreiras dos professores também ocupou parte da entrevista. Catarina Martins criticou que alguém tenha achado “por bem ter um discurso populista sobre professores”, o que “é absolutamente irresponsável”.

Os professores em Portugal têm tido uma vida infernal. E o que o PS está a fazer, até porque já gastou muito mais dinheiro noutras despesas que não descongelamento de carreiras, é fazer um braço de ferro com os professores por razões laterais aos professores”.

E também disse que, “ao travar os professores”, o Governo “não está só a travar os professores”.

Costa bem, Costa mal

Instada a fazer a avaliação de um ponto positivo e de um negativo do primeiro-ministro, António Costa, Catarina Martins começou por elogiar o facto do chefe de Governo ter compreendido “a necessidade de negociar e ter tido a capacidade para o fazer”. Já pela negativa disse o seguinte:

Tem uma esperança de que os problemas se resolvam mais depressa quando eles precisavam de um pouco mais de olhar”.

Sobre o ministro das Finanças, a líder do BE garantiu que “do ponto de vista negocial”, não tem “nenhuma razão de queixa de Mário Centeno”.

Questionada se concorda que foi o melhor ministro das Finanças europeu, Catarina Martins admitiu que “para os critérios europeus, provavelmente é verdade”. "Pergunto-me é se a União Europeia está em tão boa forma que possamos achar os critérios europeus os ideais para o nosso país”, advertiu.

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