Costa diz que país está a dirigir-se "para o lado perigoso da matriz de risco" - TVI

Costa diz que país está a dirigir-se "para o lado perigoso da matriz de risco"

  • Henrique Magalhães Claudino
  • 15 abr 2021, 18:50

Desde 9 de março até 14 de abril, a evolução da taxa de incidência é “positiva”, sendo que passou de mais de 118 casos por 100 mil habitantes a 14 dias para 69 casos.

Após a reunião de Conselho de Ministros, António Costa deixou um alerta relativo ao ritmo de transmissão da covid-19 que, segundo o primeiro-ministro, "não tem tido uma boa evolução".

Hoje estamos com um Rt de 1,05 e estamos a dirigir-nos para o lado perigoso da matriz de risco", anunciou, sublinhando que Portugal continua a estar em condições de dar o próximo passo no desconfinamento.

O Conselho de Ministros apreciou esta quinta-feira a situação pandémica para avaliar as condições para evoluir para a próxima fase do desconfinamento. A decisão é tomada com critérios já definidos, como a taxa de incidência no território nacional.

 

Matriz de risco de 9/3 a 14/4

 

Desde 9 de março até 14 de abril, a evolução da taxa é “positiva”, sendo que a incidência passou de mais de 118 casos por 100 mil habitantes a 14 dias para 69 casos.

Uma “clara redução no bom sentido”, aponta o PM.

O primeiro-ministro pediu ainda particular atenção para treze concelhos que, estando pela primeira vez com uma taxa de incidência superior a 120 casos por 100 mil habitantes, têm de ter um comportamento especial em relação à forma como controlam a pandemia nos próximos 15 dias.

Há, no entanto, sete concelhos, cuja lista pode consultar aqui, que não prosseguem para a próxima etapa de desconfinamento."Desejamos que estes concelhos tenham a evolução positiva e que, daqui a 15 dias, possam prosseguir para a próxima etapa de desconfinamento", afirma.

Mais preocupante, salienta Costa, é o caso de quatro concelhos que têm de regressar ao confinamento total. O primeiro-ministro deixa uma mensagem aos autarcas dos concelhos visados: "É preciso compreender que o conjunto destas medidas não são prémios nem castigos".

Nestes concelhos, vamos ter de continuar a ter um esforço acrescido de testar mais, identificar os casos positivos, estabelecer cadeias de transmissão, isolar positivos e tentar conter a pandemia o mais rapidamente possível para que se possam juntar à regra no resto do país e seguir em frente", afirma.

Costa diz ainda que os habitantes destes quatro concelhos “nunca poderiam perdoar ao Governo que fechasse os olhos”, realçando uma solidariedade com os autarcas.

O primeiro-ministro indica ainda que a campanha de vacinação está a cumprir as suas metas e, de acordo com as datas da task force, é preciso antever que, até ao fim de abril, toda a população com mais de 70 anos vai estar vacinada. 

Até ao fim de maio, também toda a população com mais de 60 anos estará vacinada. As datas permitem prever que 96% da população com maior mortalidade estará inoculada até 31 de maio.

Porém, avisa Costa, a pandemia não acaba a 31 de maio. "A batalha prossegue para vacinar toda a restante população necessária para atingir a imunidade de grupo", diz, apelando a que todas as pessoas, mesmo as que estejam vacinadas, devem cumprir as regras sanitárias em vigor.

Questionado sobre que formas o país tem para garantir o caminho do desconfinamento, António Costa explica a importância de um plano "a conta-gotas", cumprindo as regras e agindo localmente nos concelhos que não cumprem os critérios para avançar para a nova fase.

 

Adiar plano de desconfinamento seria quebrar confiança dos portugueses, avisa Costa

O objetivo do Executivo é a permanência da vigilância, para evitar uma quarta vaga e ter um verão seguro para "gozarmos as férias com a tranquilidade que todos merecemos".

Sobre a opinião de alguns especialistas relativamente ao adiamento do calendário de desconfinamento, Costa garante que a gestão da pandemia necessita de uma confiança entre os cidadãos e quem toma as decisões. "E essa confiança também tem por base uma previsibilidade".

De forma a que as pessoas possam seguir diariamente a evolução da pandemia. Isso é importante para que as pessoas orientem os próprios comportamentos, só em conjunto podemos ultrapassar a pandemia sem que nos tenhamos de fechar todos em casa. Sabemos que isso resulta, mas não é solução".

Também nesta linha, o primeiro-ministro voltou a apelar ao recolhimento domiciliário: "Sempre que possamos ficar em casa, devemos ficar em casa. Sempre que possamos diminuir os contactos sociais, devemos diminuir os contactos sociais".

O primeiro-ministro diz ainda que a generalidade das pessoas tem acatado com naturalidade as medidas e, muitas vezes, têm antecipado as precauções.

Espero bem que daqui a 15 dias o Governo não sinta a necessidade de pedir ao PR a renovação do estado de emergência, mas queremos deixar claro que nunca deixaremos de decretar as medidas necessárias para proteger os portugueses", afirma.

Questionado finalmente sobre o anúncio de uma vacina contra a covid-19 portuguesa - feita por Carlos Carreiras - Costa salienta que "não há nenhum mistério particular" e que, caso exista licenciamento europeu, quer avançar. "Se assim for, excelente, acho que é um ótimo desafio para a produção nacional".

Fronteira com Espanha vai continuar fechada. Voos do Brasil exigem quarentena

António Costa explica ainda que a fronteira com Espanha vai permanecer fechada nos próximos 15 dias ainda que os dois países registem uma evolução positiva na contenção da pandemia.

Todas as cautelas são poucas", avisa o primeiro-ministro.

Já no que toca às restrições aéreas, Portugal vai continuar a impor os mesmos critérios até aqui registados. Os viajantes dos países que apresentem uma situação pandémica controlada, como o Reino Unido, têm de realizar um teste de despiste à covid-19 para entrarem no país.

Já as pessoas vindas de países com números ditos problemáticos, como o Brasil, têm de ser sujeitos a um período de quarentena.

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