"Criámos mais emprego em 2015 do que Governo prevê criar em 2016" - TVI

"Criámos mais emprego em 2015 do que Governo prevê criar em 2016"

Passos Coelho diz também que "alguma coisa está errada" com as políticas do novo executivo, "supostamente" mais amigas do crescimento

O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, afirmou, nesta terça-feira, que o anterior executivo PSD/CDS-PP conseguiu mais emprego em 2015 do que o atual Governo do PS prevê criar em 2016.

Nós conseguimos em 2015 criar mais emprego do que o atual Governo está a prever que a economia possa gerar em 2016 com políticas que, supostamente, são muito mais amigas do crescimento", declarou o presidente do PSD, considerando que "alguma coisa está errada".

"O que está errado, evidentemente, é a mensagem de que em 2016 nós tenhamos políticas adequadas para potenciar mais o emprego e combater mais o desemprego", acrescentou Passos Coelho, que falava durante um jantar com sindicalistas membros dos Trabalhadores Social Democratas (TSD), em Lisboa.

Num discurso de cerca de 20 minutos, o ex-primeiro-ministro defendeu que a governação dos últimos quatro anos e meio deu "resultados positivos", incluindo no que respeita a "políticas ativas de emprego".

No entanto, considerou que é preciso "prestar uma atuação muito particular" aos jovens que procuram emprego e aos desempregados de longa duração, que apontou como dois dos "grupos mais fragilizados" da população portuguesa.

Neste jantar com membros da estrutural sindical do seu partido, Passos Coelho voltou a ter em fundo o lema da sua recandidatura à liderança do PSD, "Social-democracia Sempre!", e apresentou-se como o líder da alternativa ao Governo do PS.

É muito importante que o país saiba que existe uma alternativa e que essa alternativa é liderada pelo PSD", defendeu, acrescentando que "o PSD não está, como alguns pensam, nem num casulo, nem a fazer luto", mas "prossegue coerentemente, responsavelmente, o seu caminho".

Passos Coelho reiterou a ideia de que deixou o trabalho de governação a meio.

Entre 2011 e 2015, o anterior Governo PSD/CDS-PP venceu "o pior da crise" e encontrou "um caminho de crescimento sem mais dívida", sustentou.

Passos sublinhou que, "no futuro, para que este trabalho prossiga, é necessário que a estratégia esteja em linha com aquela que já deu bons resultados no passado. E aquela que está hoje a ser seguida já no passado foi experimentada e os resultados são aqueles que todos conhecem".

"Sem desejar que as coisas corram mal, é caso para dizer que, se voltamos a políticas antigas, é difícil esperar que os resultados sejam muito diferentes", concluiu.

Concertação está ameaçada

O presidente do PSD defendeu hoje que a concertação social está ameaçada por negociações feitas à parte entre o Governo e a CGTP e pediu aos sociais-democratas da UGT que denunciem mais ativamente essa situação.

"Espero que, no futuro, o Governo arrepie caminho e não perpetue esta maneira de tratar com menoridade os parceiros sociais", declarou o presidente do PSD, vincando que "há uma ameaça efetiva para a concertação social desta forma de concertar posições do Governo fora da concertação social".

Passos Coelho reivindicou ter escolhido "sempre a via da concertação", sem "instrumentos de chantagem e de condicionamento", enquanto esteve na chefia do Governo PSD/CDS-PP.

Segundo o ex-primeiro-ministro, medidas como o aumento do salário mínimo não podem "nascer nos acordos feitos à margem do parlamento, com as outras formações políticas que suportam o Governo, para depois o Conselho de Ministros carimbar e a concertação social carimbar".

"Isso não é uma forma respeitosa de tratar a concertação social", criticou.

Antes de discursar, Passos Coelho ouviu o secretário-geral dos TSD, Pedro Roque, definir o PSD como "um partido interclassista" que "é também, e sobretudo, um partido de trabalhadores".

No início da sua intervenção, o presidente do PSD manifestou admiração pela central sindical UGT, referindo que esta surgiu "contra a unicidade sindical" e contribuiu para a promoção de "uma sociedade pluralista" e para o desenvolvimento económico do país.

No final, falou na CGTP, apontando-a como "uma força sindical que, na prática, nunca esteve disponível para fazer qualquer concertação".

"Hoje, a CGTP tem sabido trazer uma parte da sua negociação por via daquela que é estendida ao Partido Comunista Português e ao Bloco de Esquerda. E é assim que uma parte do que devia ser negociado na concertação é negociado fora, satisfazendo a CGTP", sustentou.

Numa alusão à UGT, o ex-primeiro-ministro prosseguiu: "E quando se trata de valorizar aqueles que sempre estiveram disponíveis para a concertação discute-se aquilo que tem menos relevância."

"Creio que todos aqueles que são social-democratas e que estão na UGT deviam ter talvez um papel mais ativo a denunciar esta situação, porque é perigoso não termos dentro da concertação a valorização que é devida a quem sempre esteve disponível para fazer concertação, que foi a UGT", considerou.

Passos Coelho insistiu que "a UGT não pode hoje ver na concertação discutido o que tem menos relevância e depois ver o que é mais relevante a ser negociado e estabelecido com a CGTP fora da concertação social".

O presidente do PSD afirmou que é altura de "exigir a todos os parceiros" que se envolvam a sério na concertação e observou que "todos os governos vão a tempo de emendarem a mão".

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