Marcelo sobre o desconfinamento: "Isto é uma maratona, ganhámos os primeiros cinco quilómetros" - TVI

Marcelo sobre o desconfinamento: "Isto é uma maratona, ganhámos os primeiros cinco quilómetros"

  • Bárbara Cruz
  • atualizada às 18:07
  • 18 mai 2020, 15:50

O Presidente admitiu, porém, que nova etapa da "maratona" será feita no outono e inverno, "se houver um segundo surto" do vírus na origem da Covid-19

O Presidente da República visitou esta segunda-feira a Torre de Belém, em Lisboa, no dia em que reabrem os museus e monumentos em Portugal, dando continuidade à segunda fase do calendário do desconfinamento previsto pelo Governo

Marcelo Rebelo de Sousa frisou que a luta contra a Covid-19 "é uma maratona" mas ressalvou que os primeiros quilómetros correram "francamente bem" e que os portugueses deverão, com cautelas, regressar a uma  normalidade nos contactos sociais.

Na primeira parte da maratona, ganhámos os primeiros cinco quilómetros, correram francamente bem. Agora, estamos nos segundos cinco quilómetros", admitiu o Presidente. 

Questionado sobre a reabertura das escolas, Marcelo Rebelo de Sousa disse que as informações recolhidas até ao momento "são boas" e assinalou que pais, alunos e professores perceberam a importância do regresso às salas de aula. "O passo inicial foi dado", frisou. 

Eu sou sempre muito cuidadoso e defendo a abertura, com cuidado. Digo aos portugueses, com pequenos passos, com todas as cautelas, não deixem de ir entrando aos poucos numa maior normalidade da vida social", disse Marcelo.

O Presidente admitiu, porém, que nova etapa da "maratona" será feita no outono e inverno, "se houver um segundo surto" do vírus na origem da Covid-19. 

Falando sobre a reabertura dos monumentos, o Presidente congratulou-se com o facto de, só na manhã desta segunda-feira, terem entrado na Torre de Belém 50 visitantes.

Nós, de alguma maneira, corremos o risco, Portugal é dos primeiros países da Europa a abrir", afirmou. "É preciso que todos possamos dar exemplos", referiu, explicando que tanto ele como o primeiro-ministro optaram por fazer refeições fora no dia em que também reabriram os restaurantes, depois de quase dois meses a funcionar em regime de take-away.

"Os portugueses têm de sentir a confiança nos passos que dão", frisou Marcelo, acrescentando que "o povo português foi excecional". 

Interrogado sobre a reiterada intenção de voto que recebeu esta segunda-feira do presidente da Assembleia da República, o socialista Eduardo Ferro Rodrigues, o chefe de Estado sustentou que só "a bolha mediática" dá importância agora às presidenciais.

Segundo o Presidente da República, "as pessoas têm de perceber que uma coisa é a bolha mediática e outra coisa é o que os portugueses sentem e pensam".

A bolha, que eu conheço bem, porque também pertenci a essa bolha, quando era comentador político, está noutra onda, que é discutir aquilo que se vai passar daqui a uns meses e depois como é que será, não será e tal. Mas não é o que está na cabeça dos portugueses e o que preocupa os portugueses", prosseguiu.

Marcelo Rebelo de Sousa apontou como preocupações atuais dos portugueses a saúde e a economia: "O resto, com o devido respeito, as eleições são sempre muito importantes em democracia, mas neste momento não são a prioridade dos portugueses".

Vamo-nos concentrar no que é fundamental, vamos continuar a ganhar esta maratona, e depois, no meio disso, logo se verá quem é candidato, quem não é, quem concorre, quem não concorre, o resultado da votação qual é. Francamente, até chegarmos lá temos de ganhar o essencial da maratona, é o mais importante de tudo", apelou.

"Não sou certamente contra o regime, senão não podia ser Presidente"

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou esta segunda-feira que, pelo seu percurso e pelo juramento que fez ao assumir funções, não é certamente contra o regime, e defendeu que de outro modo não podia ser Presidente da República.

Sabe que um Presidente da República que votou a Constituição como constituinte, que participou na primeira revisão constitucional e que foi eleito e jurou cumprir e fazer cumprir a Constituição não é certamente um Presidente contra o regime, porque senão não era Presidente da República", respondeu.

Marcelo Rebelo de Sousa argumentou que "faz parte da lógica da própria eleição presidencial e da lógica do juramento como Presidente da República jurar fazer cumprir a Constituição do regime democrático - e não subverter o regime democrático e não substituí-lo por um regime ditatorial, e não questionar o regime democrático". 

"Mas isso, se perguntar a qualquer Presidente que jurou a sua Constituição, dirá o mesmo", acrescentou, dirigindo-se para o jornalista que lhe tinha colocado a pergunta.

Marcelo convida portugueses a redescobrirem o património cultural de Portugal

 O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convidou os portugueses a "redescobrirem o encanto" do património cultural de Portugal, programando férias no país e fazendo visitas aos monumentos que porventura há muito não visitam.

O chefe de Estado deixou esta mensagem no final de uma visita à Torre de Belém, em Lisboa, durante a qual esteve acompanhado pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, no dia em que os museus e monumentos voltaram a estar abertos ao público, depois de semanas encerrados devido à pandemia de covid-19.

Marcelo Rebelo de Sousa pediu aos portugueses para "fazerem aquilo que no dia a dia muitos não fazem, que é conhecer o que é fundamental no património" de Portugal, observando: "Os estrangeiros visitam, conhecem, e nós de repente damo-nos conta de que não conhecemos ou não visitamos há muitos anos, muitos, muitos anos, o que é imperdoável".

Não é apenas o apelo a que em junho, em julho, em agosto, em setembro passeiem em Portugal, fiquem em Portugal e programem as vossas férias em Portugal, mas aproveitem para fazer turismo cultural, com crianças e com jovens. E começar na Torre de Belém é começar num dos grandes monumentos da nossa pátria", acrescentou.

O Presidente da República reforçou o convite aos portugueses para "regressarem àquilo que foram visitas do passado e, de alguma maneira, redescobrirem o encanto" de Portugal, "também no património cultural, que é riquíssimo".

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