762 mil votos das legislativas não contaram para eleger deputados - TVI

762 mil votos das legislativas não contaram para eleger deputados

Eleições legislativas 2015

Votos foram considerados excedentes pelo método que Portugal utiliza neste sufrágio

Mais de 14 por cento dos votos das legislativas de 4 de outubro não contaram para a eleição de deputados por serem considerados excedentes pelo método que Portugal utiliza neste sufrágio.

Após o apuramento geral dos resultados eleitorais nos 22 círculos eleitorais do país, 14,65% dos votos não contaram para a eleição de deputados, metade dos quais nas quatro maiores forças políticas (PSD/CDS-PP,PS, BE e CDU (que junta PCP e PEV).

Contabilizando os votos de todas as forças políticas, não entraram para a obtenção de mandatos aproximadamente 762 mil votos, um número superior à totalidade de votos conseguidos quer pelo bloco de Esquerda (550 892) quer pela CDU (445 980).

Em termos percentuais, a CDU foi a força política que mais ficou a perder com o método utilizado nas eleições legislativas, o método de Hondt. Contrariamente, a coligação PSD/CDS-PP foi a menos prejudicada, em relação ao seu número total de votos.

Mais de vinte e dois por cento (22,63%) dos votos da CDU não contaram para a eleição de deputados. No caso da coligação PSD/CDS-PP essa percentagem foi de 5,14 %. O PS não viu serem contabilizados 5,75% dos seus votos e o BE 18,25%.

A coligação PSD/CDS-PP obteve 1 993 921 votos mas com menos 107 252 teria elegido o mesmo número de deputados (107), considerando os cinco deputados ganhos pelo PSD nos Açores e na Madeira onde os dois partidos concorreram isoladamente.

Já o Partido Socialista – que conquistou 1 747 685 votos – poderia ter tido menos 100 537 votos que isso não alteraria o seu número de mandatos alcançados (86).

Por outro lado, o BE não viu entrar para as suas contas cerca de 100 mil votos e a CDU 100 916 votos.

No somatório destas quatro forças políticas foram perdidos cerca de 409 mil votos.

Já quanto aos restantes partidos políticos, os votos desperdiçados foram 353 060.

O PAN elegeu o seu único deputado, André Lourenço e Silva, no círculo de Lisboa, com 22 628 votos. Ao todo, o PAN obteve 75 140 votos, sendo que, cerca de 30% destes votos, bastavam para eleger o seu deputado.

A razão para que tal aconteça é o método de Hondt.

O método aplica-se mediante a divisão sucessiva (por 1,2,3,4,5…) do número total de votos obtidos, por cada candidatura, sendo que os maiores quocientes que resultarem das divisões operadas resultam em mandatos. O processo de divisão prossegue até se esgotarem todos os mandatos disponíveis no círculo. Em caso de empate, o mandato vai para o partido com menos votos.

É por esta razão que no decorrer das operações de colocação de mandatos existem votos excedentários.

Por exemplo, no distrito de Portalegre votaram 59 004 e foram eleitos dois deputados, um para o PS e o outro para o PSD. O PS obteve 25 037 votos e o PSD/CDS-PP 16 303. Após o cálculo do método de Hondt conclui-se que o PS teve um excedente de 8 734 votos e o PSD/CDS-PP 3 785. Contabilizando os votos de todas as forças políticas neste círculo, 28 159 votos não tiveram representação em mandatos.

Outra particularidade do Método é o facto de os deputados serem eleitos com diferentes quantidades de votos, dependendo do círculo eleitoral em que estão inscritos.

Por exemplo, o primeiro deputado eleito pelo círculo de Lisboa, o primeiro-ministro em exercício, Pedro Passos Coelho, precisou de 399 520 votos e o secretário-geral do PS, António Costa, foi eleito, em segundo lugar por Lisboa, com 386 354 votos.

Já o socialista Diogo Rodrigues – o 47.º e último deputado do círculo de Lisboa – foi eleito com cerca de 21 mil votos.

O deputado que foi eleito com menos votos foi Carlos Gonçalves (PSD/CDS-PP), pelo círculo fora da Europa, com 3561 votos.
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