Imigrantes marroquinos usados como "arma de arremesso" de um "jogo político", afirma eurodeputada - TVI

Imigrantes marroquinos usados como "arma de arremesso" de um "jogo político", afirma eurodeputada

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  • JGR
  • 21 mai 2021, 13:59
Veja as imagens do momento em que milhares de marroquinos forçam entrada em Ceuta

Isabel Santos considera que os migrantes “são duplamente vítimas: são vítimas nos seus Estados" e do jogo político

A eurodeputada Isabel Santos (PS) lamentou hoje que os migrantes de Marrocos que tentaram entrar em Ceuta estejam a ser vítimas de “um jogo político” no qual estão a ser utilizados como “arma de arremesso”.

Para a eurodeputada socialista, os migrantes marroquinos que entraram no enclave de Ceuta na segunda-feira de manhã “são duplamente vítimas: são vítimas nos seus Estados, onde vivem em condições muitas vezes miseráveis (…) e são vítimas destes processos de jogo político em que são literalmente jogadas como arma de arremesso” de uma crise entre Espanha e Marrocos.

Quando nós promovemos acordos com este tipo de Estados, que são Estados violadores dos direitos humanos e que têm pouca consideração pela dignidade humana, estamos sujeitos a isto”, lamentou Isabel Santos, que falava no ‘webinar’ “Relações Externas e Direitos Humanos”, organizado pelo gabinete do Parlamento Europeu (PE) em Portugal.

Para a socialista, relatora do PE sobre os Direitos Humanos e a Democracia no mundo, “a via para a solução deste problema é a Europa tornar-se cada vez menos dependente deste tipo de acordos” e adotar “uma política efetiva de cooperação com os países de origem e com os países de trânsito”, além de “uma política de imigração que abra canais legais para a imigração legal”.

Por seu lado, o eurodeputado Paulo Rangel (PSD), que participava no mesmo ‘webinar’, sublinhou que “este incidente tem pelo menos uma coisa positiva que é fazer cair a máscara destas retóricas, que são retóricas sinceramente irrealistas”.

Eu sou o mais favorável possível a que haja uma política de migrações e à boa integração dos migrantes. Mas há uma coisa que tem de ficar clara: não podem vir todos”, argumentou.

Para o social-democrata, que faz parte da comissão dos Assuntos Externos do PE, Marrocos tem feito, aliás, um “esforço enorme” para controlar os fluxos migratórios e que, embora não seja “ideal”, é “aceitável do ponto de vista humanitário”.

Temos de ter, com certeza, políticas para o desenvolvimento nos países onde estes fenómenos surgem mais intensamente, uma política de migração mais acolhedora, mas temos de ter acordos com os Estados de trânsito”, defendeu Paulo Rangel, acrescentando que esses acordos serão, “em muitos aspetos”, semelhantes aos atuais.

Para o eurodeputado, “é preciso, sem dúvida, uma aspiração humanitária, um sinal benigno de igualdade e de acolhimento, mas também é preciso realismo” neste domínio das políticas migratórias.

A crise entre Madrid e Rabat agudizou-se depois de Espanha ter acolhido, por motivos de saúde, o secretário-geral da Frente Polisário, que luta pela independência do Saara Ocidental contra a ocupação de Marrocos.

Nos últimos dias, cerca de 8.000 marroquinos conseguiram entrar em Ceuta, incluindo cerca de 1.500 menores, e Espanha acusa Marrocos de incentivar a passagem de migrantes pelas fronteiras das regiões autónomas de Ceuta e de Melilla, no norte de África.

A União Europeia colocou-se ao lado de Espanha, afirmando que não cede a “chantagens” de Marrocos.

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