Rui Rio lamenta "desproporção brutal" que levou à demissão de Barreiras Duarte - TVI

Rui Rio lamenta "desproporção brutal" que levou à demissão de Barreiras Duarte

  • CM
  • 22 mar 2018, 12:13

Presidente do PSD diz que "todos vão ver com o decorrer do tempo" a diferença entre "o que pudesse ser ou que era o problema e aquilo que foi o impacto mediático" de um currículo

O presidente do PSD, Rui Rio, considerou, nesta quinta-feira, que a mudança no cargo de secretário-geral do partido que teve de operar na sequência da demissão de Feliciano Barreiras Duarte se deveu a uma “desproporção brutal” do caso.

Em entrevista à Agência Lusa, em Bruxelas, antes de participar pela primeira vez numa reunião do Partido Popular Europeu (PPE), Rui Rio, questionado sobre a demissão de Barreiras Duarte e a consequente nomeação de José Silvano para secretário-geral do PSD, comentou que “se há coisa que aconteceu foi ter havido uma desproporção brutal entre aquilo que pudesse ser ou que era o problema e aquilo que foi o impacto mediático, que foi de uma desproporção absolutamente exagerada”.

E todos vão ver com o decorrer do tempo, porque o tempo é o melhor conselheiro, que eu tenho razão. Houve uma desproporção brutal e, portanto, a última coisa que eu tenho a fazer é aumentar a desproporção. Portanto, o problema está resolvido, ponto final parágrafo”, disse o presidente do PSD.

Na passada segunda-feira, o deputado José Silvano foi indicado como novo secretário-geral do PSD, depois de, no domingo, Feliciano Barreiras Duarte ter anunciado a sua demissão de “forma irrevogável” ao presidente do partido, após uma semana de notícias sobre irregularidades no seu currículo e uma alegada falsidade na morada que indicou no parlamento.

Em comunicado, Barreiras Duarte considerou que os “ataques” de que estava a ser alvo o prejudicaram gravemente e à sua família, bem como a direção do PSD.

Esta foi a primeira baixa na direção do novo presidente do PSD e acontece exatamente um mês depois do congresso do partido, que se realizou entre 16 e 18 de fevereiro.

Comentário de Santana esclarecido

O presidente do PSD disse hoje não ter entendido como uma crítica à direção social-democrata o recente comentário de Santana Lopes sobre falta de liderança, assumindo já ter esclarecido a questão com o seu adversário nas eleições diretas.

Aquilo que interpretei não foi exatamente assim. O que interpretei daquilo que penso que o doutor Santana Lopes disse é que deveriam dar oportunidade a que eu pudesse inaugurar – que eu já inaugurei, mas é a visão dele – a liderança do PSD. A crítica não era para a direção nacional, era para quem internamente está mais apostado em destruir do que ajudar a construir. Interpretei assim e, aliás, o próprio já teve oportunidade de me explicar que era essa a ideia que queria transmitir”, revelou.

Questionado sobre se o novo secretário-geral do PSD, José Silvano, estaria imune a polémicas, Rui Rio reconheceu que, hoje em dia, “da forma como a política está, ninguém está imune a polémicas”.

Aquela velha máxima de quem não deve não teme… eu penso que hoje mesmo quem não deve tem de temer. Esta é uma transformação negativa na sociedade portuguesa”, acrescentou.

O presidente social-democrata considerou ainda que “massacres” como aquele de que foi alvo o antigo secretário-geral Feliciano Barreiras Duarte não são “bons para a democracia”.

Houve demasiada crueldade em face àquilo que são as falhas que lhe imputaram”, finalizou.

Vitória nas europeias "ao alcance"

O presidente do PSD disse, nesta quinta-feira, que a vitória nas europeias “está ao alcance” dos sociais-democratas e desvalorizou a ambição do CDS-PP de se assumir como principal partido de centro-direita.

Aspiramos todos a ganhar. Agora, enfim, o CDS faz o seu marketing e fez o seu marketing no Congresso. Mal fora se fizesse o contrário, se o CDS saísse do Congresso a dizer que nas próximas [eleições] quer descer um bocadinho. Claro que querem sempre subir, isso é o papel que cada um de nós tem de fazer”, afirmou.

Questionado sobre se manterá a aposta no atual líder da delegação do PSD ao Parlamento Europeu, Paulo Rangel, o presidente social-democrata disse que já pensou sobre o assunto, mas que é cedo demais para se pronunciar.

Pensar, pensei. Divulgar, não divulguei. A seu tempo as coisas serão divulgadas. Não é meu estilo andar a fazer as coisas com uma grande antecedência para conseguir uma noticia maior. Não, as coisas têm o seu momento, estamos ainda a mais de um ano, no tempo certo assim o faremos.”

Certo, apontou, é que o PSD partirá para as eleições europeias com ambição, suportada pelas recentes sondagens, apesar de estas “valerem o que valem”.

"É um lugar comum dizer que as sondagens valem o que valem e eu percebo o que isso quer dizer e eu que o diga: ganhei três eleições no Porto, nas duas primeiras sempre atrás nas sondagens, e na primeira então tive 40 e tal por cento e as sondagens davam-me 19, portanto é mesmo ‘valem o que valem’. Mas, quando todas indicam no mesmo sentido, nós podemos ter uma ideia da evolução, não mais do que isso, mas da evolução”, observou, destacando que a evolução das mais recentes consultas aponta para “o melhor resultado [do PSD] desde 2015”.

Está ao nosso alcance poder ganhar as eleições europeias, isso para mim está claro. A diferença relativamente ao Partido Socialista nas últimas eleições europeias não foi uma coisa muito grande. Aliás, lembro-me que o próprio doutor António Costa referiu que foi uma vitória por ‘poucochinho’. Portanto, está ao nosso alcance poder ganhar as eleições europeias.”

Rui Rio acrescentou ainda que, “depois das eleições europeias”, há que “procurar ganhar naturalmente as eleições legislativas”, o que admitiu ser “mais difícil”, apesar de nada ser “impossível”, até porque “em política, ano e meio é uma eternidade”.

Se me disserem que é muito curto para reformar o partido, para preparar a alternativa em termos teóricos, em termos programáticos, se era melhor ter mais tempo? Era. O tempo chega, mas era melhor ter mais tempo. Mas, por outro lado, pode ser uma eternidade. Às vezes no espaço de uma semana tudo muda, e, portanto, está tudo em aberto, como é evidente”, concluiu.

 

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