25 de Abril: Parlamento faz minuto de silêncio pelas vítimas da Covid-19 - TVI

25 de Abril: Parlamento faz minuto de silêncio pelas vítimas da Covid-19

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  • 25 abr 2020, 10:12

Pedido foi feito pelo presidente da Assembleia da República no início do seu discurso na sessão comemorativa do 25 de Abril.

O Parlamento fez, este sábado, um minuto de silêncio pelas vítimas da covid-19, depois de o presidente da Assembleia da República ter formulado esse pedido logo no início do seu discurso na sessão comemorativa do 25 de Abril.

"Portugal e os portugueses têm sido confrontados, nas últimas semanas, com as consequências de uma grave pandemia internacional, cuja evolução tem acarretado sérias implicações ao nível social, económico e financeiro. A perda de centenas de vidas humanas é, sem dúvida, a expressão mais violenta da pandemia, porque irreversível", declarou Ferro Rodrigues na sua intervenção, este ano a primeira da sessão solene comemorativa do 46º aniversário da revolução democrática de 1974.

Ferro Rodrigues referiu depois que "bastaria que se perdesse apenas uma [vida], para que o lamento se fizesse ouvir e a solidariedade chegasse a quem vê desaparecer um seu ente querido".

"Nesta hora difícil que vivemos, os nossos pensamentos estão com todos quantos perderam familiares e amigos. Com todos quantos se encontram hospitalizados, lutando, pela sua sobrevivência, contra este vírus terrível. Com todos quantos estão impossibilitados de contactar os seus mais próximos, confinados nas suas residências ou em instituições um pouco por todo o País, tentamos atenuar o vazio da privação dos afetos de proximidade", apontou.

O presidente da Assembleia da República estendeu depois o seu apelo "a todos os que, impossibilitados de festejar na rua o dia da liberdade", possam acompanhar essa homenagem ao 25 de abril.

"Para todos eles uma palavra de solidariedade, de ânimo, de esperança. Mas, em especial, por todos os que nos deixaram, peço que cumpramos um minuto de silêncio", acrescentou.

Vários cravos, muito vermelho e uma máscara no plenário da AR

Vários deputados usaram no plenário o cravo na lapela ou na mão, muitos escolheram roupa vermelha e apenas uma deputada recorreu à mascara de proteção individual, numa sessão solene muito mais vazia que o habitual devido à covid-19.

De cravo estavam vários deputados do PS, alguns do PSD - não o líder, Rui Rio -, todos os do Bloco de Esquerda e do PCP e também os três membros do Governo que acompanham nesta cerimónia o primeiro-ministro, António Costa, ele próprio com esta flor na lapela, tal como o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues.

O vermelho foi também uma cor escolhida por muitos deputados para a sessão solene, com várias gravatas desta cor, alguns vestidos, blusas ou calças.

As máscaras, que não foram uma recomendação da Direção-Geral de Saúde devido à dimensão do edifício, foram hoje ainda mais raras que nos plenários anteriores: apenas a deputada do PSD Filipa Roseta recorreu a este equipamento de proteção individual.

Os partidos cumpriram o combinado e apenas estão no plenário 46 do total dos 230 deputados, sentados com pelo menos duas cadeiras de intervalo entre si e que, antes da cerimónia, foram conversando, mas sem grande proximidade, de forma a cumprir o distanciamento social exigido pela pandemia.

Nas galerias, os poucos convidados presentes, menos de vinte, foram-se distribuindo em espaços e até filas diferentes: o antigo Presidente da República Ramalho Eanes - o único antigo chefe de Estado a estar presente - conversou longamente à distância, em pé, com o cardeal patriarca, Manuel Clemente, os dois sozinhos na tribuna presidencial.

Na galeria oposta, dois conselheiros de Estado, Francisco Louçã e Domingos Abrantes, iam conversando antes de começar a cerimónia, mas também sempre respeitando o distanciamento exigido.

A secretária-geral da UGT, Isabel Camarinha, ou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, foram outros dos convidados presentes, a parte dos representantes máximos militares e dos Tribunais.

A marcar o arranque da sessão solene, a reprodução da gravação oficial do hino nacional - que hoje não foi interpretado por qualquer convidado - com todos os deputados a cantarem de pé. Telmo Correia, o líder parlamentar do CDS-PP, entrou quando já se ouvia "A Portuguesa".

Alguns cravos enfeitam a Sala das sessões, mas, ao contrário do habitual, não há grandes jarras com estas flores espalhadas pelo edifício quem quiser os poder retirar.

A bancada de imprensa também 'encolheu' e hoje apenas oito jornalistas assistem dentro da Sala das Sessões à cerimónia, de forma a respeitar o distanciamento social.

Entre os primeiros convidados a chegar à Assembleia da República, ainda antes das 09:30, encontravam-se a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, e o conselheiro de estado Domingos Abrantes.

Às 09:30 certas chegou ao parlamento ao antigo Presidente da República, Ramalho Eanes, de fato escuro, gravata azul e sem cravo na lapela, flor que, entretanto, colocou.

O antigo chefe de Estado, que compareceu na sessão solene por "responsabilidade institucional", apesar de discordar do modelo escolhido para a cerimónia, não teve a companhia da antiga primeira dama Manuela Eanes.

Poucos minutos depois, chegou ao parlamento o diretor nacional da PSP, Magina da Silva, com uma viseira sobre a cara, seguido do cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, que trazia uma gravata vermelha e do conselheiro de estado Francisco Louçã.

Também de gravata vermelha, o presidente do Supremo Tribunal de Justiça chegou à Assembleia da República pelas 9:38, seguido do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas.

Os convidados foram recebidos pelo secretário-geral da Assembleia da República, mas na escadaria da entrada principal estavam apenas jornalistas.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, chegou à Assembleia da República à hora prevista, 09:55, de gravata escura e também sem cravo na lapela, tendo depois entrado no hemiciclo com a flor na mão, como já é habitual.

Nas últimas semanas, cresceu a polémica à volta do modelo de comemorações do 25 de Abril, quer dentro do parlamento - CDS e Chega foram contra, PAN e Iniciativa Liberal defenderam outros formatos - e fora dele, com duas petições 'online', uma pelo cancelamento e outra a favor da sessão solene, a juntarem centenas de milhares de assinaturas.

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