PSD gostou do que ouviu de Marcelo, PCP fala em discurso "genérico" - TVI

PSD gostou do que ouviu de Marcelo, PCP fala em discurso "genérico"

  • VC
  • 25 abr 2017, 13:54

Como reagiram os partidos ao pedido que o Presidente fez ao Governo, de "maior criação de riqueza e melhor distribuição", no tempo que falta para acabar a legislatura

O PCP reagiu ao discurso Presidente da República, na sessão solene comemorativa do 25 de Abril, dizendo que foi "genérico", mas "importante", no pedido formulado ao Governo de "maior criação de riqueza e melhor distribuição" no tempo que falta para acabar a legislatura. O BE ouviu um discurso "consensual", mas que também assinalou divergências profundas entre o pensamento do Presidente e o dos bloquistas. Já o PSD e o CDS-PP gostaram de ouvir Marcelo Rebelo de Sousa a pedir "maior ambição" ao Governo. O PS, por agora, não reage diretamente a esse apelo.

Veja também:

Para o social-democrata Hugo Soares foi um "aviso sério", ao falar em ilusões perigosas que se podem tornar num caminho sem regresso. "É também uma mensagem política de grande relevo para que o PSD tem alertado: as utopias perigosas pagam-se caras e esta mensagem ficou muito clara na intervenção do Presidente da República", afirmou o deputado, no final da cerimónia.

Hugo Soares destacou ainda o "apelo firme" do Presidente da República para que seja continuada a reforma do Estado.

Temos dito muitas vezes que o país precisa de crescer mais, tem condições para crescer mais mas para isso precisa de fazer o que o Presidente da República deixou como apelo. Este pedido de maior ambição ao governo é algo que o PSD tem repetido e algo que os portugueses desejam".

Destacou ainda "a força com que o Presidente da República puxou pelo orgulho português, pelas instituições, a confiança que demonstrou nas instituições e no poder local e neste orgulho tão patriota no dia em que celebramos a liberdade". "O PSD como partido mais português de todos revê-se nesta intervenção do Presidente da República e concorda por inteiro com o puxar pela alma portuguesa".

CDS-PP

Pelo CDS-PP, o porta-voz João Almeida valorizou o discurso do Presidente da República nas suas menções ao esforço dos portugueses nos últimos anos e à necessidade de crescimento económico, bem como de transparência das instituições: "O senhor Presidente falou do esforço dos portugueses, esforço designadamente que foi feito nos últimos anos e que, nas palavras do senhor Presidente, foi cheio de sentido e produziu resultados. Do nosso ponto de vista também, o momento que hoje conseguimos ter, é fruto de um enorme esforço dos portugueses fizeram, mas de um esforço que foi consequente".

Tal como o PSD, sublinhou igualmente a referência à "necessidade de mais crescimento".

Se os portugueses contribuíram com o seu esforço para conseguir enfrentar as dificuldades do passado, conduzir o país a um momento presente de maior serenidade, o desafio neste momento é conseguir acrescentar qualidade de vida aos portugueses, bem-estar social. Isso só se consegue com crescimento superior ao que temos, o que tem sido muito a mensagem do CDS".

João Almeida destacou que o chefe de Estado "dirigiu ao parlamento uma mensagem muito expressiva e cheia de significado", em que salientou primeiramente "aquilo que caracterizou como um patriotismo aberto ao mundo".

"Não é mais nem menos do que a afirmação daquilo que Portugal, ao longo da sua história e também no momento presente, tem como distinção de outros países, exemplo que podemos dar de sã convivência democrática, valorização de direitos fundamentais, numa época em que extremismos se atravessam no caminho da Europa", declarou.

BE

Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, considerou que foi um “discurso consensual” sobre a democracia, mas os bloquistas têm “divergências de fundo” quanto à Europa, que, “tal como está, é a causa do crescimento” de nacionalismos xenófobos.

A deputada destacou os pontos de acordo com o Presidente, minutos depois do seu discurso, a começar pela nota de que a “liberdade, o Estado Social, o enorme desenvolvimento da democracia foi feito por todos, aqueles e aquelas que, no pós-25 de Abril, meterem as mãos ao trabalho, construíram a Escola Pública, o Serviço Nacional de Saúde, pilares da democracia e do Estado Social”.

Depois, a defesa da “luta pela transparência” e pela credibilização da democracia e a “nota europeia” no combate aos nacionalismos xenófobos.“[O Presidente] deu uma nota europeia importante. Lembrando-nos que todos somos filhos e filhas de emigrantes, mães e pais de emigrantes, o nosso mundo é feito por cruzamento de mundos e é nesse que nos encontramos”, constatou a bloquista.

As divergências centram-se também em questões europeias. Ter crescimento económico implica, para o BE, “uma nova forma de olhar para a Europa”, recusando constrangimentos de Bruxelas. “Não podemos aceitar constrangimentos europeus, que, aliás, por toda a Europa, ao asfixiarem economia e o Estado Social, tem criado desemprego, exclusão social, tem tornado os países mais fracos e tem levado ao crescimento das politicas do ódio e xenofobia”, contrapôs-

Cumprir as normas absurdas de consolidação orçamental deixa Portugal com poucos meios para o crescimento económico. Para ir mais longe é preciso ter a coragem de dizer que o fato dos constrangimentos europeus, cortado, escolhido e vestido por PS, PSD e CDS que votaram os mesmo tratado no Parlamento Europeu e na AR a não serve”.

PCP

Já da parte do PCP, o secretário-geral Jerónimo de Sousa considerou então que a melhor distribuição da riqueza defendida pelo Presidente da República é é uma "expressão - genérica, importante - mas que precisa de "medidas concretas" e só é possível "com a valorização do trabalho e dos trabalhadores".

É uma declaração importante que precisa de ser concretizada, do nosso ponto de vista. Hoje as injustiças dessa repartição que é feita a desfavor de quem trabalha ou quem trabalhou necessita de medidas concretas, designadamente o combate à precariedade, o combate ao desemprego, a valorização dos salários e dos direitos dos trabalhadores".

Jerónimo registou as palavras do Presidente da República, mas isso "não significa um posicionamento crítico nem naturalmente uma posição de aplauso". "O PCP considera, no quadro dessa abrangência de discurso, que é preciso concretizar. A democracia, o 25 de Abril, todos os valores que ele comporta necessitam dessa concretização de respeito por quem trabalha, da sua valorização, da valorização dos seus rendimentos e naturalmente dos seus direitos", apelou.

Disse, ainda, que "é incontornável que hoje, ultrapassada que está a questão da imposição do défice, transformado no alfa e no ómega da nossa vida nacional, que a questão da dívida esteja presente" nas preocupações. "É preciso, mais do que saber como se paga, da necessidade de uma renegociação que nos liberte dos constrangimentos que essa dívida impõe", reiterou.

PEV

O Partido Ecologista "Os Verdes" saudou igualmente o discurso que "sensato" do Presidente da República, mas o deputado José Luís Ferreira apontou uma falha a Marcelo Rebelo de Sousa.

[Faltou dizer que] há condicionamentos externos que estão a prejudicar a criação de riqueza, desde logo divida, que seria bom que fosse colocada à discussão no sentido de se proceder à sua renegociação”.

“Foi um discurso sensato, que tocou em aspetos essenciais, como criar riqueza e ela ser melhor distribuída, a importância dada ao Poder local, como um fusível de segurança da democracia”, rematou.

PS

Quanto ao PS, o partido do Governo, o seu líder parlamentar preferiu centrar-se no combate às desigualdades: "É importante que os portugueses tenham consciência de que a democracia que adquirimos e que os direitos que usufruímos são instrumentos fundamentais para controlar o poder político e para fazermos com que estejamos atentos às desigualdades. As desigualdades não são apenas económicas, mas também no plano social e das acessibilidades", sobretudo em termos tecnológicos.

Por outro lado, "há ainda muitos aspetos que correm o sentido original da revolução de 25 de Abril de 1974. Exemplos dados por Carlos César: "questões que têm a ver com a corrupção, com a opacidade de administrações nos processos decisórios e com a confusão entre poder económico e poderes decisórios a diversos níveis".

"Tudo isso deve ser combatido e sobre essas matérias tem de existir um escrutínio constante", acrescentou o líder parlamentar socialista, sem reagir de forma direta ao discurso e aos avisos de Marcelo Rebelo de Sousa.

Continue a ler esta notícia