Pediatria do Porto cria polémica entre Saúde e Finanças - TVI

Pediatria do Porto cria polémica entre Saúde e Finanças

Esta confusão surge numa altura em que o ministro da Saúde está sob fogo cruzado perante a greve dos médicos e num dia em que o PSD pediu no Parlamento a demissão do ministro Adalberto Campos Fernandes

A reformulação da pediatria do Porto, incluindo a oncologia, é a mais recente polémica no Governo.

Em causa uma reunião que juntou, no Ministério das Finanças em Lisboa, os administradores hospitalares de algumas unidades do Porto, mas que deixou de fora o Ministério da Saúde.

“A notícia é absolutamente falsa, como aliás será daqui a pouco desmentida pelo próprio ministério das Finanças”, disse aos jornalistas o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.

E o desmentido chegou. Em nota às redações, o Ministério das Finanças diz que “não comenta reuniões de trabalho que eventualmente possa ter ou ter tido com entidades sob sua direção, tutela, superintendência, sobre as quais exerça a função acionista ou que lhe estejam adstritas, nos termos legais”. De resto esta foi a primeira declaração que chegou em resposta à TVI, sobre a existência da tal reunião que esta sexta-feira noticiava o Jornal de Notícias.

Posteriormente, depois das palavras do ministro da Saúde, o gabinete de Mário Centeno fez mais um esclarecimento, para acrescentar à nota anterior que lhe cabe avaliar o investimento público o que, “feito com rigor e responsabilidade, implica um adequado conhecimento das condições em que esse investimento é realizado. Este trabalho é feito sempre em estreita coordenação com as tutelas setoriais. É, pois, falsa a manchete da edição de hoje do Jornal de Notícias.”

Ou seja, ambas as tutelas tentaram afastar a possibilidade de qualquer mal estar no que toca ao investimento na pediatria do Porto: “ um compromisso político que não é nem do ministro das Saúde nem das Finanças. Foi assumido, nesta casa [Parlamento] pelo senhor primeiro-ministro, relativamente à ala pediátrica do hospital de São João”, reforçou Campos Fernandes.

Acrescentado: “o que temos é uma exploração mentirosa daquilo que é uma rotina normal de quando estamos perante um grande investimento em Saúde, como é o caso. Há, naturalmente, reuniões técnicas partilhadas entre a Saúde e as Finanças na vertente do domínio orçamental (…) existem dezenas, ou centenas de reuniões, só com a Saúde tal como só com as Finanças.”

Mas esta poderá não ter sido uma reunião meramente técnica perante o investimento anunciado para a pediatria do São João.

O Ministério das Finanças, liderado por Mário Centeno, quer tirar o máximo proveito das infraestruturas que já existe para tratar as crianças com problemas oncológicos na Invicta – Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto, São João e Centro Materno Infantil do Norte [do Centro Hospital do Porto - Santo António] – e terá chamado ao Ministério os diretores das unidades hospitalares para perceber de que forma tal pode ser feito, antes de avançar com o investimento em São João, apurou a TVI. E é, no mínimo estranho, que o tenha feito sem a presença de qualquer responsável da Saúde.

Esta confusão surge numa altura em que o ministro da Saúde está sob fogo cruzado perante a greve dos médicos e num dia em que o PSD pediu no Parlamento a demissão do responsável.

Continue a ler esta notícia