«Deve ser a primeira vez que um Presidente se recandidata para perder» - TVI

«Deve ser a primeira vez que um Presidente se recandidata para perder»

Alegre começa campanha [JOSÉ LUIS COSTA/LUSA]

Alegre diz que «uma eleição não é uma coroação» e alerta Cavaco para a hipótese de perder as presidenciais

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O candidato presidencial Manuel Alegre deixou várias críticas a Cavaco Silva na inauguração da sede campanha no Porto, avisando que esta pode ser «a primeira vez para um Presidente da República que se recandidata» perder as eleições.

No discurso de inauguração da sua primeira sede de campanha, a do Porto, o socialista salientou que esta «vai ser uma batalha difícil» mas alertou que em democracia não há vencedores antecipados.

«Uma eleição não é uma coroação e eu estou farto de ouvir dizer que normalmente um Presidente da República que se recandidata normalmente ganha. Mas há sempre uma primeira vez e vai haver uma primeira vez para um presidente que se recandidata e que se calhar vai perder as eleições», advertiu.

Manuel Alegre disse que candidata novamente «para exercer os poderes presidenciais tal como eles estão definidos na Constituição», considerando que o Presidente deve ser «um moderador, um mobilizador, um intérprete da vontade nacional» e «alguém que contribua para a resolução dos problemas e não uma fonte permanente de conflitos», numa crítica a Cavaco Silva.

«Nós também precisamos de alguém que tenha uma visão mais aberta do problema das liberdades, do problema da luta contra as discriminações. Alguém que pelo menos tenha a coragem de assumir os seus valores e não se desculpe com a situação de crise em que está o país», realçou.

Mobilizar os jovens

O candidato pelo PS e BE às eleições presidenciais de 2011 afirmou ainda que «é essencial mobilizar os jovens desta geração da precariedade para a causa pública» e para a política.

«No outro dia fez-se aí um roteiro muito bonito e alguém pedia aos jovens: tenham coragem e sejam empreendedores. Mas como é que eu vou dizer a um jovem que está desempregado, que anda de estágio em estágio sem remuneração que tenha coragem e seja empreendedor. Isto é uma mistificação, isto é uma mentira», condenou Alegre, apontando de novo as suas acusações para o actual Presidente da República.

Alegre garantiu que não tem «nenhuma obsessão pessoal em ser Presidente da República» e que não se pode «dizer que Portugal é um país insustentável» porque é um país que «vale a pena» e que tem soluções.

«Aquilo que é essencial é saber que país nós vamos querer depois das eleições presidenciais e se vamos permitir que a direita portuguesa realize o seu velho sonho de ter uma maioria, um Governo e um Presidente da República. Eu estou aqui para dizer que isso não vai ser possível», sublinhou.

O poeta apelou à união e à mobilização porque considera que «da próxima eleição para a Presidência da República vai depender o futuro de Portugal», acrescentando que «é preciso na Presidência da República alguém que não confunda a nação com a economia, que não veja Portugal como um manual de finanças e de economia».

Foram muitos os nomes ligados à política ¿ quer do PS, quer do Bloco de Esquerda e até mesmo independentes ¿ que compareceram à inauguração da sede de campanha.

Entre eles o ministro da Justiça, Alberto Martins, o secretário de Estado da Justiça e da Modernização Judiciária, José Magalhães, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro, o líder da Federação do PS/Porto, Renato Sampaio, o candidato às eleições distritais do PS/Porto, José Luís Carneiro, o presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, e o ex-autarca também de Matosinhos Narciso Miranda.
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