“Não vai ser por minha causa que o PS não vai ter unidade” - TVI

“Não vai ser por minha causa que o PS não vai ter unidade”

Álvaro Beleza no Congresso do PS (LUSA)

Afirmação é do socialista Álvaro Beleza que apesar de tudo, critica caminho escolhido por António Costa

O dirigente socialista Álvaro Beleza considerou hoje que o "caminho a seguir" no partido depois das legislativas devia ser diferente do que António Costa prosseguiu, mas garantiu não ser por si que o PS "não vai ter unidade".

"Chegando aqui, não vai ser por minha causa que o PS não vai ter unidade", vincou Beleza, em declarações esta noite aos jornalistas na sede do partido, no Largo do Rato, em Lisboa.

O socialista - que integrou a direção do PS de António José Seguro e foi um dos responsáveis pela transição entre essa liderança e a de António Costa - falava à saída da reunião da Comissão Política do partido, que arrancou pouco depois das 21:30 de quinta-feira e pela 01:00 ainda seguia, com Álvaro Beleza a sair antes cerca das 00:40.

"Temos de pensar no partido, para além de nós próprios, e no país, para além do partido", reiterou Álvaro Beleza, acrescentando que "humildade, modéstia e abertura de espírito" não fazem mal.

Sobre o caminho de diálogo do PS à esquerda, declarou:
 

"Mantenho o que disse desde o dia 4 de outubro. Acho que o caminho a seguir não devia ter sido este"


Todavia, reconheceu, há margem para "facilmente" haver entendimentos à esquerda - com PCP e BE - em áreas como a saúde, educação e segurança social, mas matérias como economia, finanças, Europa, sustentabilidade do país, crescimento económico com economia privada são de "muito difícil" concertação entre o PS e as forças políticas à esquerda.

António Costa, secretário-geral do PS, explicou "detalhadamente" na reunião da Comissão Política os contactos e reuniões à esquerda, disse Beleza.

Álvaro Beleza defendeu junto dos socialistas a realização de um referendo aberto a simpatizantes para auscultar a opinião dos votantes no PS sobre o acordo negociado com forças políticas à esquerda.

À entrada para a reunião, o socialista havia já avançado essa ideia aos jornalistas.

"Para além da Comissão Política, devia haver uma Comissão Nacional e um referendo aberto a simpatizantes, como agora se fez em França", vincou, referindo-se às eleições regionais agendadas para dezembro e onde o partido socialista do país levou a referendo - com votação favorável - uma unidade da esquerda para o sufrágio do fim do ano.

A Comissão Política do PS prepara-se para dar mandato ao Grupo Parlamentar socialista para apresentar uma moção de rejeição ao programa de Governo da coligação PSD/CDS, disse à agência Lusa fonte da direção do partido.

A mesma fonte adiantou que a intervenção hoje do secretário-geral do PS, António Costa, na abertura da reunião da Comissão Política Nacional, mereceu "uma ampla concordância" por parte dos membros deste órgão partidário.

Após a comunicação ao país do Presidente da República, Cavaco Silva, na qual anunciou a indigitação como primeiro-ministro do presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, o dirigente socialista João Soares já tinha sinalizado a possibilidade de o PS avançar com uma moção de rejeição, acompanhando nesta iniciativa legislativa o BE e o PCP.
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