Almaraz: Governo português só vai a reunião se Espanha recuar - TVI

Almaraz: Governo português só vai a reunião se Espanha recuar

Matos Fernandes

Matos Fernandes diz que não se irá encontrar com a homóloga espanhola, caso o país vizinho mantenha a intenção de construir um aterro nuclear na central. Debate sobre a gestão dos rios ibéricos ficará também adiado

Mantém-se o braço de ferro, agora com o ministro do Ambiente a recusar comparecer à reunião, no próximo dia 12, com a sua homóloga espanhola.

Após as críticas e a intenção de apresentar queixa em Bruxelas, Matos Fernandes não aceita a decisão unilateral de Espanha de  construir um aterro nuclear na envelhecida central nuclear de Almaraz, a cerca de 100 quilómetros da fronteira portuguesa.

Para mim é muito claro que, a confirmar-se (…) que Espanha tomou mesmo a decisão de licenciar a construção (…) de um aterro para resíduos nucleares, não faz qualquer sentido ir a essa reunião. Porque não irei a essa reunião sufragar uma decisão que Espanha tomou, incumprindo uma diretiva comunitária”, afirmou o ministro do Ambiente.

Matos Fernandes, que falava à imprensa no Porto, acrescentou ter a “convicção, neste momento, de que a decisão do lado de Espanha parece já estar tomada”. Por isso, “não fará qualquer sentido discutir esta reunião”.

Telefonemas com a ministra

O governante relatou ainda ter tido “dois contactos” da ministra espanhola responsável pelo Ambiente “na sexta-feira” e que ficou “de, ao longo desta semana, dizer” se estará “presente ou não na reunião do dia 12".

A reunião de dia 12 não tinha um só ponto”, relembrou o ministro Matos Fernandes, realçando que, além da questão de Almaraz, estava também previsto iniciar-se a discussão sobre “a Convenção de Albufeira, que rege a forma como os rios internacionais são geridos entre Espanha e Portugal”.

Almaraz prolongada

O governo espanhol deu luz verde à construção do armazém para resíduos nucleares na central de Almaraz, localizada a cerca de 100 quilómetros da fronteira portuguesa, através de uma resolução da Direção-Geral de Política Energética e Minas, do Ministério da Energia.

Foi manifestada a surpresa do Governo português ante a decisão tomada", referiu então o Ministério do Ambiente, acrescentando que "foram solicitados esclarecimentos às autoridades espanholas, tendo em conta a carta dirigida pelo senhor ministro do Ambiente à sua homóloga espanhola no início de dezembro".

João Matos Fernandes lembrou na passada semana que foi enviada uma carta à ministra espanhola que tutela o Ambiente para a apreciação da informação enviada a Portugal, que, "não sendo completa, deixa claro que não foram avaliados os impactos transfronteiriços".

O ministro disponibilizava-se para que uma reunião se realizasse rapidamente, tendo ficado agendada para 12 de janeiro, e solicitava que "não houvesse uma decisão formal sobre a possibilidade de construção do aterro para resíduos nucleares".

A construção de um armazém para resíduos nucleares pode indiciar que a central de Almaraz vai prolongar a sua atividade, apesar dos problemas que tem tido nos últimos tempos.

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