Em declaração política no parlamento, Ana Catarina Mendes louvou "os acordos assinados entre PS e restantes partidos da esquerda parlamentar" e o seu "tempo novo", no parlamento e no país, "ao viabilizarem um Governo que se baseia num programa alternativo à política de austeridade, empobrecimento económico e retrocesso social que a coligação de direita aplicou na legislatura anterior", embora reconhecendo "pontos que, com toda a naturalidade, separam PS de PCP, PEV e BE".
"Governar implica, também, resolver os problemas que os outros não quiseram, não souberam resolver e até agravaram. Assim aconteceu no caso Banif, em que havia poucas semanas para resolver, em contexto de urgência, uma situação conhecida do anterior Governo há mais de um ano. O PS tinha uma solução alternativa, mas já não era viável", lamentou a dirigente socialista.
Apesar de não ser a ideal, Ana Catarina Mendes frisou que “foi adotada ‘apenas' a solução possível no estado a que tinham deixado chegar as coisas", "com a coragem que faltou à direita quando esteve no Governo", protegendo, contudo, "todos os depósitos e as poupanças dos emigrantes portugueses".
"Trouxe um conjunto de intenções, em tom proclamatório, de novos dias, de futuros presentes, cheio de boas intenções", condenou, por sua vez, o deputado social-democrata Carlos Abreu Amorim, notando somente a diferença de que, agora, "a extrema-esquerda radical tem feito coro" com o PS.
Segundo o deputado do PSD, "a austeridade, a contenção e o rigor, os sacrifícios, não nasceram por obra e graça de quem quer que seja que não fosse a governação do PS (…), uma política do PS que veio aqui novamente, sem pudor, dizer que estão preparados para repetir", lamentou.
O centrista Hélder Amaral afirmou que o executivo liderado por Passos Coelho e Paulo Portas já tinha "começado a aliviar muitos dos sacrifícios impostos pelo PS", porque tanto a antiga coligação, como o PS, concordam quanto à reposição de rendimentos, exceto nos "tempos e velocidades diferentes".
"Sabemos qual era a receita da direita. Estiveram os dois (PSD/CDS-PP) a fazer estas maldades aos portugueses e mantinham-se com o vosso Governo até 2019. Deixaram bombas-relógio, sim, como o Banif e outros casos que hão de ser conhecidos", respondeu Ana Catarina Mendes, sem especificar, acusando sociais-democratas e democratas-cristãos de deixarem "Portugal na bancarrota-social", numa "festa da pobreza e do desemprego durante quatro anos", ao "triplicar a dose de austeridade da ‘troika'".
A deputada do BE Mariana Mortágua já tinha acusado "a direita de deixar as contas cheias de bombas-relógio para quem viesse a pegar nelas" e de considerar que "os sacrifícios são a cura para os problemas económicos", "uma crença moral bafienta".
"Agora, há uma nova perspetiva, porque nos últimos cinco anos, a cada início de ano, os trabalhadores e os reformados tinham a perspetiva de mais retirada de direitos. Iniciamos o ano de 2016 com nova perspetiva de recuperação de rendimentos", congratulou-se a comunista Paula Santos.