Presidenciais: Manuel Alegre diz que não comparência do PS “cria vazio” e desvaloriza regime - TVI

Presidenciais: Manuel Alegre diz que não comparência do PS “cria vazio” e desvaloriza regime

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  • CE - Notícia atualizada às 20:22
  • 14 jan 2021, 18:54
Manuel Alegre

Numa conversa online com a candidata que apoia, a militante do PS e antiga eurodeputada Ana Gomes, Alegre considerou que a sua candidatura “é um ato de coragem cívico e político” e representa “o espírito de resistência antifascista”

O histórico socialista Manuel Alegre afirmou hoje que a “não comparência” do PS nas eleições presidenciais criou “um vazio” e significa até uma “desvalorização do regime semipresidencialista” que o partido ajudou a fundar.

Numa conversa online com a candidata que apoia, a militante do PS e antiga eurodeputada Ana Gomes, Alegre considerou que a sua candidatura “é um ato de coragem cívico e político” e representa “o espírito de resistência antifascista”.

Queria começar por dizer que sou amigo do Marcelo Rebelo de Sousa e devo-lhe bastantes atenções, mas a eleição presidencial não é uma coroação, é uma escolha”, afirmou, acrescentando que o atual Presidente e recandidato não é da sua família política, nem partilha com ele “a mesma história, a mesma memória”.

 

Quem representa a minha família política é a Ana Gomes, é ela que me representa e que representa os socialistas”, disse.

O PS decidiu dar liberdade de voto nas eleições de 24 de janeiro, posição criticada pelo também antigo candidato a Belém por duas vezes.

A não comparência do PS criou aqui um vazio e é até uma forma de desvalorizar o regime semipresidencial de que o PS é um dos principais fundadores”, disse.

Sem se referir explicitamente ao partido Chega, Alegre frisou que “pela primeira vez” haverá nestas eleições “uma candidatura que põe em causa a Constituição e as instituições democráticas”.

Lembra-me a atitude dos socialistas franceses, quando apareceu o Le Pen pai (…) Hoje o PS está reduzido a uma expressão muito pequena e a Frente Nacional tem a força que se sabe”, alertou.

O antigo deputado do PS salientou que o contexto sanitário em que decorrem as eleições, no meio de uma pandemia, “dão ainda mais valor a este combate”.

Tivemos muitos anos de fascismo, de PIDE, de censura e nunca desistimos, não íamos desistir agora e a Ana Gomes não é de desistir (…) Por isso, eu estou onde acho que devo estar, por uma história que ajudei a construir, por combates que travei com outros, com Soares, com Zenha, os que se lembram destes combates não podem subestimar a importância da candidatura de Ana Gomes e deste momento, porque os socialistas não podem desertar”, apelou.

Citando Mário Soares, Alegre lembrou que “só é vencido quem desiste de lutar” e apelou à luta nesta disputa presidencial.

Por isso, eu estou não apenas contigo individualmente, mas também pelo que representas neste momento: a cultura do socialismo democrático que não podia perder por falta de comparência”, disse.

A candidata presidencial agradeceu o apoio do histórico socialista e recordou o seu papel na construção da democracia, devolvendo com uma citação do seu poema ‘Trova do vento que passa’.

Mesmo na noite mais triste, em tempo de servidão, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não. Neste caso, dizemos não aos que querem destruir a democracia”, afirmou Ana Gomes.

Por outro lado, a diplomata realçou ainda a luta do PS para que o partido integrasse o espaço comum europeu, dizendo considerar “incompreensível” o apoio de alguns socialistas a candidatos céticos em relação à União Europeia, um dia depois de Isabel Moreira ter feito campanha ao lado do candidato do PCP, João Ferreira.

Também Rui Tavares, fundador do Livre - partido que, a par do PAN, apoia Ana Gomes na corrida a Belém -, participou neste debate online, depois de ter coordenado o documento com os 21 compromissos com que a candidata se apresenta ao país, em áreas como a saúde, a educação, a inovação, a cultura ou a ciência, entre outros.

Estas eleições não são uma coroação, não são eleições para Luís XIV, mesmo que um candidato tenha apresentado a sua candidatura numa pastelaria Versalhes, ou mesmo que alguns não apresentem sequer compromissos ou tempo de antena”, disse, numa referência a Marcelo Rebelo de Sousa.

Não sendo da mesma família política, Rui Tavares disse ter muito em comum com a candidata e destacou uma característica sua, que considera poder ser muito útil na Presidência da República: “Não baixa os braços. É esse patamar de exigência que precisamos de ter no lugar cimeiro da nossa República”.

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