António Costa afirmou que “com Dijsselbloem's à frente do Eurogrupo, o euro está condenado”. As polémicas declarações do presidente do Eurogrupo, que sugeriu que os países do sul não podem gastar tudo “em copos e mulheres” e depois “pedir ajuda”, foram, como era expectável, um dos temas em destaque no debate quinzenal com o primeiro-ministro, esta quarta-feira, no Parlamento.
Com Dijsselbloem's à frente do Eurogrupo, o euro está condenado. Espero que leve muitos anos, mas não tem recuperação possível. Porque só uma união monetária que assegure convergência garante estabilidade, que permite assegurar a durabilidade do projeto europeu.”
O primeiro-ministro frisou que a afirmação de Jeroen Dijsselbloem é “ilustrativa” da “clivagem entre culturas que se tem vindo a acentuar na Europa, numa dimensão Este-Oeste e numa dimensão Norte-Sul”. Costa considerou ainda que se trata de um “preconceito”, que assenta em “conceitos sexistas, racistas, xenófabos e ideológicos”.
Precisamos de alguém na presidência do Eurogrupo que seja um catalisador da união monetária.”
O chefe do Executivo respondia a uma intervenção da porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins. A dirigente bloquista destacou, a propósito desta polémica, que o Governo esteve bem em pedir a demissão do presidente do Eurogrupo.
“Esteve muito bem o Governo ao afirmar que Dijsselbloem não pode continuar à frente do Eurogrupo. (…) Não aceitamos o preconceito nem a política do ódio.”
“Este tipo de pensamento está presente em muitas decisões que são tomadas nas instituições europeias. É preciso combater este preconceito contra os países do sul”, prosseguiu Catarina Martins.
Depois foi a vez do PCP, por Jerónimo de Sousa, assinalar o "repúdio" pelas palavras do presidente do Eurogrupo.
"São declarações sobranceiras e xenófobas de quem se julga dono da Europa e das instituições, de quem defende que só existe uma solução politica legítima que é a do diretório liderado pela Alemanha a quem serve o senhor Dijsselbloem. Os donos da UE só reconhecem e aceitam os que se submetem à sua visão da Europa, do capital e aos interesses que representam."
E logo depois, Heloísa Apolónia, dos Verdes, pediu a demissão do responsável. “As suas palavras foram absolutamente grosseiras e insultuosas para com os portugueses e os países do sul da Europa e o mínimo que se pode pedir é a demissão deste senhor”, vincou.
O tema uniu, de resto, esquerda e direita. Antes, Luís Montenegro já tinha assinalado que o PSD "repudia com veemência" as palavras do presidente do Eurogrupo.
"Venham de um socialista, como é o caso, ou de um responsável de outra família política, a verdade é que este tipo de declaração é imprópria, é indigna e inaceitável."
O líder da bancada social-democrata destacou o esforço dos portugueses nos tempos da crise para concluir: "Quem não respeita isto só tem um caminho e o caminho é ir embora".