Costa admite fecho de escolas "muito além" das férias da Páscoa - TVI

Costa admite fecho de escolas "muito além" das férias da Páscoa

  • CE
  • 24 mar 2020, 17:10

Resposta surge depois de os líderes do PCP e do BE terem questionado o primeiro-ministro, no Parlamento, sobre se o executivo iria ou não prolongar para as férias da Páscoa o subsídio criado para os pais que têm de ficar em casa com os filhos com menos de 12 anos, cujas escolas encerraram

O primeiro-ministro, António Costa, admitiu esta terça-feira, no debate quinzenal, no Parlamento, que o encerramento das escolas poderá “ir muito além” das férias da Páscoa devido à pandemia de Covid-19.

No debate, primeiro em resposta a Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, e depois a Jerónimo de Sousa, do PCP, Costa admitiu que “provavelmente” o Governo decidirá “prolongar” o fecho das escolas “muito além das férias da Páscoa”.

Os líderes do PCP e do BE questionaram-no sobre se o executivo iria ou não prolongar para as férias da Páscoa o subsídio criado para os pais que têm de ficar em casa com os filhos com menos de 12 anos, cujas escolas encerraram.

O chefe do Governo não deu abertura ao prolongamento dessa medida durante as férias, dado que esse período de pausa já estava previsto no calendário escolar.

O apoio aos pais deverá prolongar-se depois das férias e é nesta fase da resposta que Costa admitiu que as escolas continuem sem aulas presenciais, dado que prevê que as escolas continuem fechadas.

E na resposta a Jerónimo de Sousa repetiu a explicação, admitindo no final: “O terceiro período, provavelmente, não vai ser muito diferente do que tem sido estas semanas.”

A suspensão das aulas presenciais nas escolas foi uma medida decretada pelo Governo ainda antes da declaração do estado de emergência.

Luta contra pandemia é uma “maratona e não uma corrida de 100 metros”

O primeiro-ministro disse encarar a luta contra a pandemia de Covid-19 como "uma maratona e não uma corrida de 100 metros", que só terminará com uma vacina, cuja disponibilidade apontou para a primavera de 2021.

Em resposta à bancada do PSD - esta terça-feira foi o deputado e médico Ricardo Baptista Leite a protagonizar o debate e não o líder, Rui Rio - sobre as faltas de material de proteção dos profissionais de saúde, Costa anunciou a colaboração com a indústria nacional.

Simultaneamente a estarmos a encomendar, também estamos a trabalhar com a indústria nacional para procurar responder a um conjunto de necessidades", afirmou.

Como exemplo, disse que o Centro de Engenharia e de Automóvel e Aeronáutica está a trabalhar "a 100%" para criar um protótipo de ventilador que, em conjunto com outras empresas nacionais, poderia permitir começar a testar, nas próximas semanas, a construção nacional de ventiladores.

Há um conjunto de empresas ou laboratórios de investigação a desenvolver protótipos de testes rápidos para massificar estes testes", referiu, por outro lado.

O primeiro-ministro apontou ainda que, em conjunto com o centro tecnológico do têxtil e do vestuário, o Governo está a trabalhar para que empresas atualmente sem atividade reorientem a sua produção para o fabrico de máscaras e outro equipamento de proteção individual.

Este esforço é essencial não só para o curto prazo, mas por estarmos a percorrer uma maratona. Tal como acontece nas economias de guerra, onde muitas das atividades industriais são reorientadas para produção de material bélico, também agora temos de reorientar muita da atividade tradicional para esta situação", afirmou.

António Costa voltou a saudar o espírito de "unidade nacional" entre os partidos neste tema e deixou quase a certeza de que será necessário prolongar o estado de emergência que vigora até 2 de abril.

À data de hoje, e com os dados que conhecemos hoje, as razões que determinaram na semana passada o estado de emergência subsistirão no dia 2 de abril e ele terá de ser prosseguido", afirmou.

Segundo António Costa, o desafio do combate ao novo coronavírus tem de ser encarado "não como uma corrida de 100 metros, mas como uma maratona".

Um combate que vamos ter de travar seguramente até ter uma vacina disponível, diria que na primavera do próximo ano, ou os médicos terem identificado um tratamento mais eficaz", afirmou.

O primeiro-ministro destacou a importância de existir também uma participação portuguesa no consórcio europeu que está a trabalhar numa vacina.

Brevemente, a Direção Geral de Saúde vai passar a libertar dados anonimizados para que poder escalar a capacidade de investigação", apontou ainda.

Na sua intervenção inicial, o vice-presidente da bancada do PSD Baptista Leite reiterou a postura colaborante do partido: "Neste momento somos companheiros, somos camaradas, somos esquerda, somos direita, temos de ser portugueses".

O deputado e médico reforçou o apelo aos portugueses para que cumpram o isolamento, dizendo que "o impacto económico e social será muito diferente se a situação durar quatro semanas ou quatro meses".

Baptista Leite chamou a atenção para a necessidade de reforçar a proteção dos que estão "na linha da frente do combate", os profissionais de saúde, com Costa a elencar detalhadamente a lista do material já encomendado pelo Governo português ao nível das batas, fatos de proteção, luvas, máscaras e toucas.

Ricardo Baptista Leite alertou ainda que, quando forem levantadas as medidas de isolamento social, Portugal corre o risco de enfrentar uma segunda vaga da pandemia, "um segundo tsunami".

Só há um país que aparentemente conseguiu travar essa segunda vaga, a Coreia do Sul", afirmou, apontando que tal se deveu à realização massiva de testes.

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