"O Presidente da República é a quem cabe fazer o juízo de qual o melhor caminho a seguir. O que transmitimos é que julgamos que estão criadas condições para PS formar Governo que disponha de apoio maioritário na Assembleia da República"
O líder do PS lembrou, inclusive, que a proposta do Partido Socialista dá resposta à "mensagem insistentemente expressa" pelo chefe de Estado, "ao longo de meses", sobre a importância da estabilidade governativa e de Portugal passar a ter uma cultura de compromisso e diálogo político.
Costa vincou a responsabilidade da decisão que Cavaco Silva irá tomar - e que a TVI sabe que é indigitar Passos Coelho como primeiro-ministro, já esta quarta-feira. E é, de resto, essa a "expectativa" que Passos Coelho tem: PSD e CDS-PP formarem Governo "o mais rapidamente possível". É "evidente", disse depois o parceiro da coligação Paulo Portas, que acusou o líder do PS de estar a tentar salvar a sua pele política, sem olhar a meios.
Uma solução, tal como a de dar posse a um governo de gestão, que António Costa diz saber-se "antecipadamente" que não têm "a viabilidade": a primeira por não dispor de um apoio parlamentar maioritário, que não permite ao país encontrar "um rumo com a maior urgência possível"; a segunda porque colocaria o país numa "situação de ingovernabilidade" durante "largos meses".
"O Presidente da República atuará como entender, mas do nosso ponto de vista há uma solução alternativa, o país não ganha nada em prolongar a incerteza"
Um governo de esquerda, argumentou, cumpre aquilo que é essencial quer para garantir a estabilidade e, ao mesmo tempo, dar expressão à "vontade inequívoca" que os portugueses mostraram querer nas eleições, retirando a maioria absoluta a PSD e CDS-PP.
Coube a Passos Coelho, como líder partido mais votado, tentar formar Governo, e o próprio António Costa voltou a dizer que não contribuiria para maiorias negativas ou para inviabilizar a formação de um governo, mas "esgotadas as possibilidades de o PSD apresentar solução com suporte maioritário na AR", entende que este é o seu tempo e do seu partido.
"O PS entende que não se deve furtar ao seu dever de contribuir para proporcionar ao país solução de Governo estável e que tenha suporte maioritário para o conjunto da legislatura", insistiu. Costa confia, por isso, que um Executivo liderado por si possa durar quatro anos.
As negociações com BE e PCP permitiram-lhe hoje dizer, claramente, que "estão criadas as condições" para que possa existir um Governo PS com apoio daqueles dois partidos.
Catarina Martins também confirmou isso mesmo, à saída da reunião que se seguiu com Cavaco Silva. As divergências entre BE e PS foram "ultrapassadas" , havendo condições para um Executivo estável à esquerda. A porta-voz do Bloco prometeu novidades sob essa forma de Governo "logo que possível". Primeiro, está tudo nas mãos do Presidente, que ainda tem de ouvir na quarta-feira os partidos que faltam - PCP, “Os Verdes” e PAN -, como manda a Constituição.