Costa: "Não temos excesso de doutorados" - TVI

Costa: "Não temos excesso de doutorados"

António Costa - MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Líder do PS falou em Aveiro no debate socialista dedicado ao programa para a inovação e internacionalização das empresas

António Costa defendeu hoje que Portugal, por ser um país pequeno, pode ser mais ágil na adaptação à evolução tecnológica, se basear o seu modelo de desenvolvimento na inovação e abandonar a estratégia de empobrecimento.

O líder do PS falava em Aveiro no debate socialista dedicado ao programa para a inovação e internacionalização das empresas, onde defendeu que não deve haver hesitações, ou avanços e recuos nessa estratégia de desenvolvimento.

“Ser um país pequeno não é necessariamente negativo, porque tem muito maior capacidade de manobra e maior agilidade” para poder estar no futuro “na crista da onda” da evolução tecnológica, mas para que isso seja possível é essencial não termos a menor hesitação sobre a opção de fundo quanto ao modelo de desenvolvimento”, disse.

Ao encerrar um debate em que a questão do registo de patentes por universidades e empresas foi muito discutida, o líder do PS lembrou que há 30 anos se discutia o combate à contrafação, reconhecendo que o país evoluiu, mas a mudança tem de ser ancorada numa estratégia de médio e longo prazo.

“Se julgarmos como se tem julgado nos últimos anos, que não é investido na educação, na formação, e na modernização tecnológica, que podemos ter um desenvolvimento sustentável, e regressarmos ao tempo do empobrecimento e da contrafação, não encontramos um rumo para o futuro, nem nenhum caminho para o passado pela simples razão de que o passado já não está lá”, disse.

António Costa insistiu na ideia de que “a estratégia não pode mudar conforme a legislatura”, admitindo que se possa questionar como é que o salto registado no sistema científico não teve o impacto imediato no tecido económico, mas lembrou que também essa “revolução científica” não teria sido possível sem a democratização do ensino superior, iniciada na década de 70 por Veiga Simão.

“O diagnóstico não é ter ciência a mais. Não temos excesso de doutorados, mas falta de empregos qualificados. O problema ainda está no tecido empresarial e tem de haver grande esforço na qualificação das empresas”, disse, considerando fundamental concentrar os instrumentos das políticas de emprego num programa de emprego nas empresas.


Para o líder do PS, também a discussão não deve passar por ter mais ou menos investigação pura, ou investigação aplicada, pois “o investimento na universidade e na investigação científica pura é essencial, porque ninguém sabe verdadeiramente o que será inovador daqui a 15 ou 20 anos" e há que possuir na universidade "conhecimentos e capacidades humanas”.

“É necessário injetar nas empresas o capital de conhecimento gerado na universidade, mas não estraguemos a universidade. Temos é de fazer com que as empresas sintam que se tiverem quadros mais qualificados e que procurem ser inovadores, terão caminho para crescer”, disse.

António Costa recusou ainda que o estado não deva, ele próprio, fomentar a inovação, lembrando mesmo que muita da evolução tecnológica hoje usada pelos cidadãos nasceu a partir das indústrias de defesa e segurança, a que alguém empreendedor deu outra utilidade.

“A parceria entre o público e privado é da maior importância”, concluiu.
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