Esta posição do líder socialista foi assumida na sua segunda intervenção na reunião da Comissão Política Nacional do PS, que durou cerca de três horas.
Perante observações de dirigentes socialistas a matérias como a redução da TSU em quatro pontos percentuais (quer para empregadores, quer para trabalhadores), a introdução de um contrato único ou as políticas de atração de emigrantes, António Costa admitiu a necessidade de uma discussão "mais fina e mais focada" desses temas.
Projeto de programa eleitoral aprovado por unanimidade
A Comissão Política do PS aprovou esta quarta-feira por unanimidade o projeto de programa eleitoral do partido, apesar de alguns dirigentes socialistas terem colocado reservas ao contrato único de trabalho e à descida da taxa social única (TSU).
O resultado da reunião, que durou cerca de três horas, foi anunciado pelo coordenador do programa eleitoral e diretor do Gabinete de Estudos do PS, João Tiago Silveira.
A presidente da Associação Portuguesa de Reformados (APRE), Maria do Rosário Gama, saiu mais cedo da reunião da Comissão Política do PS e não votou - isto, depois de ter avisado que poderá estar contra o programa quando ocorrer a votação final a 6 de junho.
João Tiago Silveira considerou que o PS deu agora "um passo importante", salientando a abertura do seu partido neste processo de discussão política.
"O PS já fez isso nas eleições primárias, com a participação de não militantes no ato eleitoral que escolheu o nosso candidato a primeiro-ministro, e agora abriu a preparação do programa eleitoral a todos os cidadãos portugueses, incluindo até pessoas de outros partidos que pretendam dar contributos", referiu.
Sobre a possibilidade de o programa eleitoral do PS poder ter votos contra quando for sujeito a votação final, a 06 de junho, João Tiago Silveira desdramatizou: "As votações são livres".
"Qualquer divergência ou voto contrário é encarado com naturalidade", respondeu o ex-secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros.
Perante os jornalistas, o sindicalista José Abraão manifestou-se apreensivo com partes do programa eleitoral relacionadas com o mercado de trabalho e à descida da TSU.
"Com o contrato único, a coberto da tentativa de reduzir a precariedade, pode estar a facilitar-se o despedimento. Isto colocaria toda a gente numa maior precariedade", alegou.
José Abraão disse depois esperar que, até à realização da Convenção Nacional do PS, a 06 de junho, "possam entrar propostas no sentido de avaliar melhor esse contrato único laboral, e o mesmo em relação à TSU".
"Na TSU não estão claras as formas de financiamento da Segurança Social, o que poderá reduzir a prazo as pensões", advertiu o dirigente sindical da UGT.
Confrontado com estas críticas, João Tiago Silveira disse que o debate serviu para "analisar todas as questões".
"Essas [TSU e contrato único de trabalho] são questões desafiantes, das quais pode depender a oportunidade de o PS ter uma política diferente. O PS tem de saber exatamente como as pode concretizar. Mas uma coisa é certa: Já está provado como que podemos ter uma política diferente face à do atual Governo", acrescentou.