Covid-19: Costa defende que se houver racionalidade haverá acordo europeu - TVI

Covid-19: Costa defende que se houver racionalidade haverá acordo europeu

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  • PP (atualizado às 15:30)
  • 1 jul 2020, 14:33
António Costa

Mas primeiro-ministro português lembra que "a União Europeia é feita a 27 e há pontos de vista diversos"

O primeiro-ministro defendeu hoje que, se houver racionalidade no Conselho Europeu, então Holanda, Suécia, Dinamarca e Áustria estarão empenhadas num acordo em torno da proposta da Comissão para a criação de um fundo de recuperação.

"Partindo do princípio de que todos são racionais, não vejo nenhuma razão para que a Holanda, a Suécia, a Áustria e a Dinamarca estejam menos empenhadas do que nós estamos na recuperação económica do conjunto da Europa", declarou António Costa em resposta aos jornalistas no Castelo de Elvas, distrito de Portalegre, tendo ao seu lado o presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez.

Momentos antes, Costa e Sánchez tinham participado nas cerimónias oficiais que assinalaram a reabertura da fronteira entre Portugal e Espanha, em que também estiveram presentes o rei de Espanha, Filipe VI, e o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Questionado sobre as dificuldades que Espanha e Portugal enfrentam para conseguir ver aprovadas em Conselho Europeu as propostas de fundo de recuperação (no valor de 750 mil milhões de euros) e de Quadro Financeiro Plurianual (2021/2027), o primeiro-ministro português começou por observar que "a União Europeia é feita a 27 e há pontos de vista diversos".

"Aquilo que todos temos de perceber é que esta não é uma crise de uns países, sendo antes uma crise global de toda a União Europeia. Aliás, as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI), da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económicos (OCDE) são muito claras: Não há nenhum país da União Europeia que não vá sofrer uma crise económica muito importante", apontou.

Com o chefe do Governo espanhol a escutá-lo, António Costa defendeu depois que, para que os Estados-membros possam sair em conjunto da atual crise, "é preciso juntar as sinergias que o mercado interno desta União Europeia constitui".

"E isso é tão importante para Portugal como para a Holanda, tão importante para a Espanha como para a Suécia, tão importante para a Itália como para a Dinamarca, tão importante para a Alemanha como para a França - é fundamental para todos", argumentou.

Neste contexto, António Costa elogiou a ação do Banco Central Europeu (BCE), dizendo que desta vez "não perdeu dois anos até fazer aquilo que era necessário para travar qualquer risco de pressão sobre as dívidas soberanas".

Estendeu depois os elogios à Comissão Europeia, considerando que "agilizou a reprogramação dos fundos europeus, agilizou as normas de concorrência e, sobretudo, avançou com uma proposta histórica de fundo de recuperação, que é, de facto, uma oportunidade extraordinária no sentido de juntar esforços das economias mais desenvolvidas do mundo para uma forte recuperação económica".

"Isso é decisivo para estes países, para a Europa, mas também para o mundo todo, porque a recuperação económica da Europa será uma alavanca fundamental para a recuperação da economia à escala global", acrescentou.

Interrogado se a reabertura da fronteira portuguesa com Espanha foi uma decisão política, ou, antes, uma decisão sanitária, António Costa alegou que "não há decisões políticas nesta fase que não tenham uma dimensão sanitária".

"Nós hoje, por muita vontade que tenhamos de abrir fronteiras, sabemos que a abertura das fronteiras tem de ser feita tendo em conta quais são as condições sanitárias que existem. E hoje aquilo que é fundamental é todos estarmos conscientes de que os portugueses que forem a Espanha têm de cumprir em Espanha as regras e as normas de sanidade que existem em Espanha, e os espanhóis que venham a Portugal são muito bem-vindos e têm de cumprir em Portugal as normas sanitárias que nós temos em Portugal", frisou.

PM de Espanha diz que "grande lição" da crise é coesão como objetivo da UE

O primeiro-ministro espanhol disse hoje que “a grande lição” a retirar da crise da covid-19 é que a coesão deve ser o principal objetivo da política económica europeia, falando após a reabertura da fronteira entre Portugal e Espanha.

“Se a emergência de saúde representou o que representou em termos de vidas humanas e em custos económicos, eu não consigo imaginar uma emergência climática”, afirmou Pedro Sánchez, defendendo ser “muito importante” que todos sejam “conscientes dos desafios” que existem pela frente.

“Podemos negá-los, olhar para outro lado. Ou podemos antecipar e aprender as lições que esta crise está a deixar”, argumentou o chefe do Governo espanhol.

E, “se esta crise nos deixou uma grande lição”, foi a de que “a política económica tem que ter como principal objetivo a coesão”, que é “fundamental” para fortalecer o projeto europeu, não só ao nível da “legitimação da cidadania europeia”, mas também na relação da União Europeia com países terceiros, afiançou.

Pedro Sánchez, com o primeiro-ministro português António Costa ao seu lado, falava aos jornalistas em Elvas (Portalegre), no final das cerimónias oficiais que assinalaram a reabertura da fronteira entre Portugal e Espanha, a qual esteve fechada durante três meses e meio, devido à pandemia da covid-19.

Em resposta a perguntas colocadas por jornalistas, o chefe do Governo de Espanha considerou também que a crise provocada pela covid-19 é “uma grande oportunidade” para a Europa reivindicar “o seu modelo” de “Estado de bem-estar forte” e com “uma saúde pública gratuita e universal”.

Segundo Sánchez, “apesar de a pandemia ter sido terrível em termos da perda de vidas humanas”, foi este modelo, precisamente, que “salvou muitas vidas, graças ao facto de haver um sistema público de saúde gratuita e universal”.

“Penso que é uma enorme oportunidade para reivindicar esse modelo europeu e isso está politicamente relacionado com o debate que estamos a ter agora mesmo na Europa”, afirmou.

Os países investiram “recursos para salvar vidas, para defender a saúde pública” e “o emprego, manter empresas abertas”, disse.

“Não há risco moral. O que houve foi um compromisso por parte dos Estados com a saúde pública e com a vida dos seus compatriotas”, sustentou.

Este modelo de atuação representa também uma “enorme oportunidade para reivindicar um modelo que faz falta noutras partes do mundo” e que, “felizmente”, existe na Europa, insistiu Pedro Sánchez, frisando que, se houver consciência disto, é possível “dar a esta crise uma resposta positiva, inclusiva e transformadora”.

Em relação a Portugal, o primeiro-ministro do país vizinho lembrou que a sociedade espanhola “sofreu de maneira muito contundente” com a pandemia provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, mas foram implementadas “medidas tão restritivas” que “a consciência do conjunto dos cidadãos é enorme”.

“E acredito que isso é a melhor salvaguarda para evitar qualquer tipo de propagação do vírus, tanto em Portugal, como em Espanha”, garantiu, no final dos atos que assinalaram, em Badajoz, na Extremadura espanhola, e em Elvas, no Alentejo, a reabertura de fronteiras.

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