"Lamentavelmente, nas últimas semans tem sido dado um excesso de maus exemplos de uso e abuso que a direita tem feito do aparelho do Estado. Percebo bem o nervosismo em questão conforme se vão aproximando as eleições, mas é fundamental manter a dignidade das instituições."
Costa referiu-se à recondução do governador do Banco de Portugal, aprovada esta quinta-feira em conselho de ministros, às mudanças na rede diplomática, e a contratações públicas para servir as campanhas eleitorais da coligação como alguns destes abusos.
Sobre a recondução do governador do Banco de Portugal, o socialista destacou que é um erro pensar que se tem a confiança dos portugueses só porque se tem a confiança da ministra das Finanças e do primeiro-ministro."A forma como foi gerida a sucessão do governador do Banco de Portugal, a forma como tem estado a ser gerida a abertura e o encerremento da rede diplomática para criar lugares para os membros dos gabinetes do primeiro-ministro, do ministro dos Negócios Estrangeiros e de outros membros do Governo, a forma como se tem estado a recorrer a contratações ppúblicas para servir as campanhas eleitorais do PSD e CDS, é algo absolutamente lamentável."
"É um gravíssimo erro do governador achar que basta ter a confiança da ministra das Finanças e do primeiro-ministro para merecer a confiança dos protugueses. E hoje, mais do que nunca, era fundamental que os portugueses pudessem ter uma confiança plena no Banco de Portugal e no seu governador."
António Costa, que falou aos jornalistas depois de uma visita ao Hospital do Litoral Alentejano e ao porto de Sines, afirmou que as políticas do Governo contrastam, por exemplo, com o desinvestimento na saúde e na infraestrutura portuária.
"O desinvestimento que foi feito na saúde prejudica os cidadãos - e não prejudica só os cidadãos que não têm recursos para utilizar outro tipo de serviços -, penaliza também a classe média, que não só financia os serviços através dos seus impostos, como depois se vê muitas vezes forçada a recorrer a serviços privados, pagando duplamente aquilo que já estava pago pelos seus impostos."
A visita de António Costa ao Hospital do Litoral Alentejano e ao porto de Sines foi a primeira de um conjunto de iniciativas para denunciar o que o PS considera serem os "sete pecados capitais" dos últimos "quatro anos de governação da direita" e as "mentiras [da atual maioria] na campanha para as eleições legislativas de 2001".
Durante o roteiro, que inclui visitas a instituições do distrito de Setúbal até sexta-feira, o líder socialista propõe-se ouvir as preocupações dos cidadãos, antes do debate sobre o Estado da Nação, que marca o fim da legislatura.