Partilha de dados: Costa não espera ser questionado na NATO sobre "processos administrativos" da CML - TVI

Partilha de dados: Costa não espera ser questionado na NATO sobre "processos administrativos" da CML

  • Agência Lusa
  • CM
  • 14 jun 2021, 12:48

À chegada ao quartel-general da Aliança Atlântica, em Bruxelas, o chefe de Governo, questionado sobre se estava preparado para dar explicações aos seus Aliados sobre a transmissão de informações sensíveis a Moscovo por parte da Câmara Municipal de Lisboa, disse estar seguro de que tal não sucederá, e invocou mesmo os tempos conturbados do PREC. Foi a primeira vez que comentou a polémica

O primeiro-ministro, António Costa, disse, nesta segunda-feira, à chegada à cimeira da NATO, que não espera que ninguém o questione sobre a partilha de dados pessoais com Moscovo, pois “ninguém tem dúvidas” sobre o papel de Portugal relativamente à Rússia.

Foi a primeira que António Costa comentou a polémica, que envolve o socialista Fernando Medina e a Câmara Municipal de Lisboa.

À chegada ao quartel-general da Aliança Atlântica, em Bruxelas, o chefe de Governo, questionado sobre se estava preparado para dar explicações aos seus Aliados sobre a transmissão de informações sensíveis a Moscovo por parte da Câmara Municipal de Lisboa, disse estar seguro de que tal não sucederá, e invocou mesmo os tempos conturbados do PREC (Processo Revolucionário em Curso), após o 25 de abril de 1974, como argumento.

Bom, ninguém me vai pedir seguramente explicações sobre processos administrativos, porque ninguém tem dúvidas sobre qual é o papel de Portugal relativamente à Rússia. Já ninguém teve dúvidas quando, durante o PREC, qual foi a posição que Portugal e a maioria dos portugueses tomaram, quando em plena ‘guerra fria’ estava em causa saber de que lado nos colocávamos. Essa é uma dúvida que felizmente não existe”, respondeu António Costa.

Os chefes de Estado e de governo da NATO reúnem-se hoje em Bruxelas para “reforçar o laço transatlântico”, abordar os desafios criados por China e Rússia, e projetar o futuro da Aliança num mundo de “competição global”, naquela que é a primeira cimeira com a participação do novo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Entre os temas que os Aliados abordarão estará o “comportamento agressivo da Rússia”, numa altura em que prossegue a polémica em Portugal em torno da transmissão, pela autarquia lisboeta às autoridades russas, dos dados pessoais - nomes, moradas e contactos - de três ativistas russos que organizaram em janeiro um protesto, em frente à embaixada russa em Lisboa, pela libertação de Alexey Navalny, opositor do governo russo.

O presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, admitiu que foi feita a partilha de dados pessoais dos três ativistas, pediu "desculpas públicas", assumiu que foi "um erro lamentável que não podia ter acontecido" e anunciou que pediu uma auditoria sobre a realização de manifestações no município nos últimos anos.

O caso originou uma onda de críticas e pedidos de esclarecimento da Amnistia Internacional e de partidos políticos, além de Carlos Moedas, candidato do PSD à Câmara de Lisboa, ter pedido a demissão de Fernando Medina.

O embaixador da Rússia em Portugal já assegurou que a embaixada eliminou os dados dos manifestantes do protesto contra o governo de Putin realizado em Lisboa, frisando que as informações não foram transmitidas a Moscovo.

Cimeira é “muito importante” para reforçar dimensão transatlântica

António Costa defendeu também a importância da cimeira ”porque vai permitir o "reencontro" entre a Europa e os Estados Unidos, o que é “particularmente importante” para Portugal.

Eu acho que esta cimeira vai ser muito importante porque vai ser seguramente o reencontro entre a Europa e o seu velho aliado, Estados Unidos da América, e uma reafirmação clara do empenho de todos”, afirmou.

O primeiro-ministro falava, uma vez mais, à entrada para a cimeira, acompanhado do ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, e do ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.

Sublinhando que o “reforço da dimensão transatlântica é absolutamente essencial”, António Costa avançou que é “particularmente importante para Portugal”, devido à sua posição geográfica que, através dos Açores, coloca o país na “fronteira do extremo ocidental europeu com os Estados Unidos da América”.

Além disso, o chefe de Governo destacou também que o “estreitamento das relações entre a União Europeia (UE) e a NATO” era uma das prioridades que tinha sido definida pela presidência portuguesa do Conselho da UE, nomeadamente no que se refere ao desenvolvimento de parcerias em domínios além do militar.

E é por isso com muita satisfação que ainda há duas semanas inaugurámos em Lisboa a Academia de Comunicações e Informação da NATO [a cerimónia de abertura decorreu em 26 de maio em Oeiras], que tem um papel central numa das novas dimensões da defesa, que é a luta pela cibersegurança e o combate às ciberameaças”, frisou o primeiro-ministro.

 

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