OE2021: Costa rejeita ideia de ultimato aos partidos de esquerda - TVI

OE2021: Costa rejeita ideia de ultimato aos partidos de esquerda

  • .
  • AM
  • 31 ago 2020, 13:22

Primeiro-ministro diz que o que é necessário "é que todos se empenhem a trabalhar para que haja um acordo"

O primeiro-ministro refutou a ideia de ter feito "um ultimato" aos partidos à esquerda do PS com vista à viabilização do Orçamento de Estado para 2021, ao admitir o cenário de "crise política" em entrevista ao Expresso no sábado.

"Ninguém fez nenhum ultimato. O que foi dito foi óbvio. É aliás o que todos nós partilhamos: o país está a enfrentar uma crise muito profunda do ponto de vista económico e social e, portanto, a última coisa de que precisa é de uma crise política", frisou António Costa em declarações aos jornalistas, em Coimbra.

Para o líder do executivo, que falava à entrada para uma conferência do PS, de arranque do ano político, o que é necessário "é que todos se empenhem a trabalhar para que haja um acordo e que esse acordo seja um acordo com o horizonte de uma legislatura".

Segundo o primeiro-ministro, as primeiras reuniões com os parceiros de esquerda e o PAN na semana passada mostram que há "excelentes condições para que isso aconteça".

Ainda sobre a entrevista de António Costa ao Expresso, a coordenadora do BE descartou, também esta segunda-feira, o cenário de eventual crise política, alegando que "é um problema inexistente, que não interessa a ninguém.

A dirigente bloquista declarou que "os ultimatos são inúteis e criam ruído, portanto são dispensáveis".

"Não precisamos de ultimatos, precisamos é de saber com que meios é que o SNS e as escolas vão trabalhar", disse.

No sábado, em reação às declarações do primeiro-ministro, o PCP considerou que os problemas "não se resolvem ameaçando com crises", mas sim procurando soluções.

António Costa profere na manhã de hoje uma conferência, como secretário-geral do PS, naquele que é o primeiro evento dos socialistas após as férias de verão, sob o lema "Recuperar Portugal", em que falará sobre recuperação económica e combate à pandemia da covid-19.

Ainda antes da entrevistam o Presidente da República pediu diálogo para a viabilização do Orçamento do Estado para 2021, que considerou um instrumento fundamental para a aplicação dos fundos europeus, e avisou que não vai alinhar em crises políticas.

Máximo de subvenções e mínimo de empréstimos no recurso aos fundos europeus

O secretário-geral do PS considerou fundamental que Portugal tenha "disciplina interna" na utilização dos fundos europeus nos próximos anos, defendendo que deve maximizar a utilização das subvenções e limitar ao máximo o recurso a empréstimos.

Temos de maximizar a utilização das subvenções e limitar ao máximo necessário o recurso a empréstimos, porque não nos podemos esquecer que continuamos a ser um dos países com uma dívida mais elevada. Depois da covid-19 e da recuperação, há amanhã. Não podemos estar a criar hoje para as gerações futuras responsabilidades que as gerações futuras não devem herdar", alegou o primeiro-ministro na sua intervenção.

De acordo com António Costa, no recurso aos fundos europeus, exige-se por isso o recurso ao "máximo de subvenções e o mínimo de empréstimos".

Essa foi a batalha que travámos na Europa, mas é também a disciplina interna que temos de introduzir na execução do nosso programa", frisou o líder socialista.

Neste ponto, António Costa adiantou que a versão final do Plano de Recuperação Económica até 2030 de António Costa e Silva será apresentado no próximo dia 15 de setembro.

É fundamental uma visão estratégica para ancorar um vasto período de intervenção. Por isso, é fundamental termos um instrumento que assegure coerência ao longo dos anos face às opções hoje feitas e que, inevitavelmente, terão execução ao longo de vários anos", justificou.

Neste contexto, o líder socialistas também considerou essencial a existência de coerência em termos de articulação entre plano de emergência económica e social já em curso e as opções do Portugal 2030.

Desta forma, segundo António Costa, é essencial assegurar que o programa de recuperação e resiliência, "que é extraordinário e que tem um prazo de execução bastante mais limitado, até fevereiro 2026, se articulará bem com o Quadro Financeiro Plurianual que se desenvolverá por dez anos até 2030".

Temos de escolher bem o que colocamos num e o que colocamos no outro. Devemos colocar naquele que tem um curto prazo de execução aquilo que temos a certeza que podemos executar no curto prazo. Devemos colocar naquele que tem maior prazo aquilo que sabemos que não poderemos executar mais rapidamente", acrescentou.

Continue a ler esta notícia