PCP desafia Governo a reabrir tribunais fechados pela reforma do mapa judiciário - TVI

PCP desafia Governo a reabrir tribunais fechados pela reforma do mapa judiciário

António Filipe

Comunistas avançam com diploma para "reparar as consequências negativas do mapa judiciário". Ministra da Justiça promete fazer "ajustamentos" ao mapa.

O PCP anunciou esta quarta-feira no Parlamento que irá avançar com um projeto para eliminar a reforma do mapa judiciário feita pelo anterior Governo PSD/CDS-PP, defendendo que todos os tribunais encerrados nos últimos anos devem agora reabrir.

Esta medida da bancada comunista foi anunciada pelo deputado António Filipe na sessão de encerramento da interpelação do PCP ao Governo sobre políticas de coesão territorial.

António Filipe justificou a iniciativa legislativa para eliminar as consequências da reforma do mapa judicial feita pelo anterior executivo, alegando que essa reforma contribuiu para "afastar ainda mais os cidadãos da tutela judicial dos seus direitos ao deixar vastas áreas do território amputadas na aplicação da justiça".

"O PCP reafirma o objetivo, que sempre defendeu, de que não haja concelho do país onde não exista um tribunal de competência genérica em matéria cível e criminal - e continuará a lutar para que esse objetivo seja concretizado na presente legislatura", avisou, numa mensagem ao Governo socialista.

Para António Filipe, "os tribunais que foram encerrados devem ser reabertos e os tribunais que foram transformados em secções de proximidade devem reassumir a plenitude das suas funções judiciais".

"Os tribunais das antigas comarcas devem recuperar a competência genérica de que dispunham em matérias cível e criminal. Não deve haver concelho do país que não tenha o seu tribunal: Os que tiveram devem voltar a ter; os que nunca tiveram devem passar a ter", advogou o dirigente comunista.

Noutro recado dirigido ao Executivo, António Filipe declarou: "O país não pode estar condenado ao retrocesso e a nossa justa aspiração ao desenvolvimento equilibrado do território nacional não se pode limitar à mera reposição do que já existiu. Tem de se traduzir em novos passos", vincou.

Logo a seguir, também na parte de encerramento da interpelação ao Governo, o ministro Adjunto, Eduardo Cabrita, disse que o Executivo socialista tem "abertura e compreensão relativamente à dimensão do conjunto de propostas construtivas apresentadas pelo PCP" em áreas como "a justiça, a saúde" ou a administração desconcentrada do Estado.

Numa intervenção em que elogiou todas as bancadas da esquerda parlamentar e uma intervenção do deputado do CDS-PP Abel Batista, ignorando o PSD, Eduardo Cabrita concluiu que o debate parlamentar sobre coesão territorial demonstrou a existência "de uma matriz comum de valorização do princípio da igualdade" no acesso aos serviços públicos e na defesa do reforço das competências do Poder Local.

Já a ministra da Justiça, que esta quarta-feira inaugurou um tribunal em Vila Real, prometeu "boas notícias" para dia 24, altura em que apresentará no Parlamento "ajustamentos" ao mapa judiciário.

Sem revelar muitos pormenores do que pretende fazer, Francisca Van Dunem confirmou apenas que "onde os tribunais fecharam vai ser possível voltar a ter julgamentos".

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