Face Oculta: Vara diz que acusação está obcecada com Sócrates - TVI

Face Oculta: Vara diz que acusação está obcecada com Sócrates

Julgamento do Caso Face Oculta

Arguido acusa Ministério Público de ter comandado «milimetricamente» a mediatização do processo

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ACTUALIZADA ÀS 19h18

O arguido do processo Face Oculta Armando Vara disse esta quarta-feira que a acusação está obcecada pelo primeiro-ministro, José Sócrates, e que o Ministério Público tem comandado «milimetricamente» a mediatização do processo.

Vara chegou por volta das 14h00 ao Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), onde, a seu pedido, vai depor, tendo justificado esse pedido por estar acusado de três crimes, mas que sobre dois dos quais ainda não foi ouvido.

O Ministério Público acusou-o de três crimes de tráfico de influência, no processo que envolve mais 35 arguidos, um dos quais Manuel José Godinho, que está detido preventivamente.

«Compreendo que haja, num Estado de Direito, esta espécie de parceria entre a Justiça e a comunicação social. A parte má é que há um linchamento na praça pública, porque uma parte vai deixando sair peças ao longo do tempo de forma a criar na opinião pública um culpado e as defesas não têm os mesmos meios», criticou, citado pela Lusa.

Para o ex-administrador do Millenium/BCP, «a mediatização do processo tem sido milimetricamente comandada pela acusação», considerando «óbvio» que essa acusação, da responsabilidade do Ministério Público, esteja obcecada pelo primeiro-ministro, José Sócrates.

O antigo ministro socialista afirmou que quer ser ouvido nesta fase processual (instrução) porque considera ter «explicações a dar».

«Fui indiciado por um e depois acusado de mais dois crimes sem ser ouvido pela Polícia Judiciária e Ministério Público, portanto acho que há explicações a dar», disse aos jornalistas, acrescentando que essa situação, que apelidou de «insólita», é, para alguns juristas, passível de gerar uma nulidade processual.

Armando Vara disse ainda estar convicto que agora ou em julgamento sairá inocentado do processo.

«O mais fácil é deixar ir para julgamento»

À saída, Armando Vara disse que o juiz Carlos Alexandre precisa de ser corajoso para não o levar a julgamento, classificando de «absurda» a acusação de tráfico de influências.

«O mais fácil é deixar ir para julgamento, ninguém acusará o juiz de nada. Acho que o juiz precisa de muita coragem para me retirar do processo», afirmou.

O antigo administrador do Millenium/BCP considerou que o processo Face Oculta «morre mediaticamente» caso ele não seja pronunciado, deixando também de ter «interesse político».

«Não posso aceitar que o Ministério Público diga que organizei um rede de contactos para fazer tráfico de influências¿» disse, indignado, na instrução do processo.

O arguido considera que o MP não tem uma declaração directa de ninguém que o incrimine, baseando-se apenas em «meia dúzia de suposições».

Armando Vara lembrou que os dois últimos crimes que lhe foram imputados assentam no depoimento por escrito da antiga secretária de Estado das Obras Públicas e Transportes, Ana Paula Vitorino, que a própria veio a desmentir depois, dizendo o arguido que foi tudo «uma montagem, uma falsidade».
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