"Este governo exorbitou as suas competências, este Governo abriu um conflito institucional, este Governo pôs em causa, inclusive, a instituição Presidência da República"
O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, teve uma audiência esta sexta-feira com o Presidente da República, que desde quinta-feira está a ouvir os parceiros sociais sobre a situação política.
E falou sobre este assunto com o chefe de Estado defendendo que, "neste quadro de confronto institucional", Cavaco Silva deve "pronunciar-se sobre o assunto, deve refletir e decidir aquilo que muito bem entender", disse depois aos jornalistas.
"A Presidência da República não deve ser solidária com um negócio desta natureza, o Governo afrontou o Presidente da República", vincou, dizendo ainda que esta situação "de transparente não tem nada".
"No mínimo o que se justificava deste Governo era que suspendesse o processo e deixasse para o próximo Governo a resolução do problema", argumentou.
Arménio Carlos comparou a privatização da TAP e situação do Novo Banco, questionando onde está "o equilíbrio da coisa, a coerência".
"É interessante que a TAP avançou rapidamente, mas no Novo Banco deixa o processo para quem vem atrás"
O sindicalista questionou se será apenas uma questão de falta de coerência ou se tem que ver com "uma opção ideológica de privatizar a todo o custo".
"Aquilo que está em causa é um atentado aos interesses nacionais e não venha o Governo invocar falta dinheiro para pagar salários ou combustível". Essas ameaças não são novas e sempre foram feitas com o objetivo de "amedrontar e meter medo", disse ainda.
"Se não for reversível, temos muita pena"
Da parte da UGT, Carlos Silva recordou à saída da audiência com Cavaco Silva, que a central sindical tomou "posições enérgicas" contra a privatização da TAP e defendeu que se deve manter em cima da mesa a "possibilidade de reverter o processo".
"Mantemos em cima da mesa a possibilidade de reverter o processo, se não for reversível, temos muita pena, mas o que podemos fazer? O próximo Governo que tome as decisões que entender mais corretas"
Depois de o Governo manter essa intenção, a central sindical defendeu que "ao menos que o Estado ficasse com a maioria do capital".