Programa do Governo começa hoje a ser discutido - TVI

Programa do Governo começa hoje a ser discutido

O primeiro dia no Parlamento

Debate vai prolongar-se por mais de nove horas, entre segunda e terça-feira, e culminará com a aprovação das moções de rejeição já anunciadas pela oposição

O Programa do Governo começa a ser discutido na Assembleia da República nesta segunda-feira, num debate que se prolongará por mais de nove horas entre hoje e terça-feira e culminará com a aprovação das moções de rejeição anunciadas.

Segundo o artigo 195.º da Constituição, a rejeição do Programa do Governo implica a demissão do executivo. A rejeição do Programa do Governo exige maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções (ou seja, pelo menos 116 parlamentares). Nas eleições de 4 de outubro, a coligação Portugal à Frente obteve 107 mandatos (89 do PSD e 18 do CDS-PP), o PS elegeu 86 deputados, o BE 19, a CDU 17 (dois do PEV e 15 do PCP) e o PAN elegeu um deputado.

PS, PCP, BE e PEV já anunciaram que irão apresentar moções de rejeição ao programa do executivo PSD/CDS-PP, depois de terem concluído acordos separados com vista a um Governo minoritário dos socialistas.

Apesar deste chumbo anunciado, no total dos dois dias de debate, os deputados e o Governo dispõem de 548 minutos para a discussão do Programa do Governo, tempo a que acresce o período inicial reservado ao executivo de coligação PSD/CDS-PP liderado por Pedro Passos Coelho para a apresentação do programa.

Depois da apresentação do programa por parte do Governo - intervenção para a qual não existe tempo limite e que terá início pelas 15:00 - seguem-se os pedidos de esclarecimento dos grupos parlamentares.

A primeira pergunta poderá ter a duração de cinco minutos e a ordem de intervenção das bancadas será a seguinte: PS, PSD, BE, CDS-PP, PCP, PEV e PAN.

No total, o grupo parlamentar socialista dispõe de 18 minutos para fazer perguntas, o PSD 19 minutos, o BE 14 minutos, o CDS-PP 13 minutos, o PCP 12 minutos, o PEV cinco minutos e o PAN dois minutos e meio.

Ao todo os partidos têm 83 minutos para questionar o executivo e o Governo 80 minutos para responder, ou seja, só o período de pedidos de esclarecimento ocupará mais de duas horas e meia.

Depois irão seguir-se quase três horas de debate propriamente dito, repetindo-se a ordem das intervenções anterior: PS (com 45 minutos), PSD (48 minutos), BE (34 minutos), CDS-PP (33 minutos), PCP (30 minutos), PEV (10 minutos), PAN (cinco minutos).

O Governo - que dispõe de 80 minutos - intervirá no debate após a primeira ronda de intervenções dos grupos parlamentares. As intervenções seguintes das bancadas e do executivo ocorrerão de acordo com a precedência das inscrições.

Os tempos do debate podem ser geridos pelos grupos parlamentares e serem transferidos para terça-feira.

A reunião plenária de terça-feira, com início marcado para as 10:00, deverá, assim, começar com a continuação do debate de segunda-feira.

Para o encerramento da discussão do Programa do Governo estão reservados mais 100 minutos. O primeiro partido a intervir será o PAN (que dispõe de dois minutos e meio), seguindo-se o PEV (cinco minutos), PCP (10 minutos), CDS-PP (11 minutos), BE (12 minutos), PS (15 minutos), PSD (15 minutos) e Governo (30 minutos).

De acordo com o artigo 192.º da Constituição, até ao encerramento do debate, qualquer grupo parlamentar pode propor a rejeição do programa ou o Governo solicitar a aprovação de um voto de confiança.

PS, PCP, BE e PEV já anunciaram que vão apresentar moções de rejeição do programa do Governo.
 

Rejeição do programa implica queda do executivo


A queda do XX Governo, através da rejeição do seu programa, devolve mais uma vez ao Presidente da República a última palavra sobre a solução governativa, desta vez numa conjuntura inédita.

No final do mandato, e impedido por essa razão de dissolver o parlamento e convocar eleições antecipadas, Cavaco Silva terá de decidir se mantém o governo de Pedro Passos Coelho em gestão ou se aceita como bom o anunciado acordo à esquerda para a viabilização de um executivo do PS.

Neste último caso, Cavaco Silva dará posse a um governo formado pelo PS, segundo partido mais votado nas eleições de 4 de outubro e apoiado no parlamento por BE, PCP e PEV.

Em 2004, o Presidente da República Jorge Sampaio foi relativamente rápido a resolver a crise política aberta pela demissão do primeiro-ministro, Durão Barroso, anunciada a 29 de junho e formalizada a 5 de julho.

Em pouco mais de uma semana, Jorge Sampaio ouviu os partidos e diversas personalidades da vida política e económica do país e decidiu não convocar eleições antecipadas, reclamadas por toda a esquerda.

Sampaio convidou Pedro Santana Lopes a formar um novo governo, decisão que justificou no discurso da posse, a 17 de julho, com a "convicção de que se trata de uma fórmula de estabilidade".

O governo tomou posse em julho e acabaria por ser demitido poucos meses depois - em dezembro, depois da polémica demissão de Henrique Chaves, que tinha tomado posse como ministro adjunto e em novembro passara a tutelar a pasta da Juventude e Desporto.

Na atual situação política e perante a eventual demissão do Governo, Cavaco Silva não pode optar por convocar eleições antecipadas, por estar nos últimos meses do seu mandato. Uma impossibilidade que também decorre da norma que impede a dissolução da Assembleia da República nos primeiros seis meses após eleições.
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