Francisco Assis demite-se de coordenador dos socialistas europeus na EuroLat - TVI

Francisco Assis demite-se de coordenador dos socialistas europeus na EuroLat

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  • 13 mar 2019, 12:03
Francisco Assis no 21º Congresso do PS

Eurodeputado demitiu-se por ter sido impedido de intervir num debate de emergência sobre a Venezuela no Parlamento Europeu

O eurodeputado português Francisco Assis demitiu-se hoje do cargo de coordenador dos socialistas europeus na Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana (EuroLat) por ter sido impedido de intervir num debate de emergência sobre a Venezuela no Parlamento Europeu, culpando o grupo.

“Era o coordenador para o EuroLat dos socialistas e a verdade é que não me permitiram falar num debate sobre a Venezuela. Foi a primeira vez que isso aconteceu, eu falei em todos os debates”, afirmou Francisco Assis, falando aos jornalistas portugueses à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu, que decorre em Estrasburgo.

Para o eurodeputado, “a responsabilidade direta é de quem” não o deixou falar, isto é, a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D, sigla em inglês).

Porém, de acordo com Francisco Assis, não foram dadas “justificações plausíveis”.

Confrontado com esta situação, o também eurodeputado socialista Pedro Silva Pereira vincou que “a delegação do PS não tem nenhuma interferência na distribuição dos tempos de intervenção” na sessão plenária, rejeitando responsabilidades da bancada socialista neste caso.

“Isso é uma questão entre o deputado Francisco Assis e a direção do grupo parlamentar socialista europeia aqui no Parlamento Europeu”, salientou, afirmando, porém, desconhecer “os termos desse processo” de demissão.

A EuroLat foram criada em 2016, sendo que Francisco Assis estava no cargo há dois anos e meio.

"Importa apurar se Assis pediu ou não para intervir"

A eurodeputada Ana Gomes defendeu que “importa apurar” se Francisco Assis pediu ou não para intervir num debate de emergência sobre a Venezuela no Parlamento Europeu, situação que motivou a sua demissão de um cargo de coordenador.

“A questão que importa apurar é se de facto o deputado Francisco Assis pediu para falar ou não. Eu pedi e por isso tive o tempo que o grupo me deu, podia não ter tido”, vincou a socialista Ana Gomes, falando aos jornalistas portugueses à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu, que decorre em Estrasburgo, França.

Segundo Ana Gomes, este responsável “sabe muito bem que o PS não tem nada a ver com isto porque quem toma a decisão é o coordenador do grupo socialista [europeu] para a área da política externa”.

“Aí é preciso saber porque não foi dado o tempo de palavra ao deputado Francisco Assis – se ele não pediu ou se houve a decisão de dar a outras pessoas e não dar a ele”, insistiu, considerando a situação “estranha”.

A eurodeputada do PS admitiu que a impossibilidade de intervir em plenário acontece “todos os dias” porque “o grupo tem oito minutos e tem 12 ou 15 pedidos para falar e têm de administrar”.

“É normal que deem a quem mais intervém nos assuntos”, mas “é preciso que o coordenador peça”, salientou.

O debate de urgência sobre a Venezuela decorreu na terça-feira à tarde em plenário, sendo que quem interveio pelo PS foi a eurodeputada Ana Gomes.

Paulo Rangel (PSD), José Inácio Faria (eleito pelo MPT) e João Pimenta Lopes (CDU) foram os outros eurodeputados portugueses que discursaram.

O debate surgiu numa altura de crise política na Venezuela, que se agravou desde o passado dia 23 de janeiro, quando Juan Guaidó se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um Governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, no poder desde 2013, denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

Cerca de 50 países, incluindo a maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, já reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

Na Venezuela residem cerca de 300 mil portugueses ou lusodescendentes.

Os mais recentes dados das Nações Unidas estimam que o número atual de refugiados e migrantes da Venezuela em todo o mundo situa-se nos 3,4 milhões.

Só no ano passado, em média, cerca de 5.000 pessoas terão deixado diariamente a Venezuela para procurar proteção ou melhores condições de vida.

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