Sampaio: poder local é a sede própria para «entendimentos» - TVI

Sampaio: poder local é a sede própria para «entendimentos»

Presidente da República

Ex-presidente da Câmara de Lisboa recebeu Medalha de Honra da Cidade

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O ex-presidente da Câmara de Lisboa Jorge Sampaio considerou esta quinta-feira que «o poder local é a sede própria para se encontrarem plataformas de entendimento que vão ao encontro das necessidades transversais da grande maioria dos cidadãos»» e sublinhou a necessidade de espírito de equipa entre «todos os órgãos municipais», refere a Lusa.

Sampaio falava na cerimónia em que recebeu a Medalha de Honra da Cidade de Lisboa.

Por vezes com a voz embargada pela emoção, Sampaio lembrou os tempos em que liderou o executivo autárquico (entre 1989 e 1996) em Lisboa e começou por destacar a «novidade e a surpresa» pelo facto de o então secretário-geral de um partido se candidatar à presidência da Câmara da sua cidade.

Sublinhou que a sua candidatura, apoiada pela coligação de esquerda «Por Lisboa», «contribuiu para valorizar a dimensão do poder municipal e, até, para a requalificação da democracia».

Também o presidente da autarquia, António Costa, que entregou a Medalha de Honra da Cidade a Jorge Sampaio, frisou a importância da convergência política então alcançada.

«A convergência política então alcançada venceu um tabu, demonstrou que a esquerda pode construir uma solução de governo em comum e constituiu uma fórmula inovadora, sólida e fecunda, que deu muito bons resultados e trouxe grandes benefícios a Lisboa», disse António Costa.

Durante a cerimónia, que, entre outras personalidades, contou com a presença do Procurador-geral da República, do presidente do Tribunal de Contas, do ex-presidente da Assembleia da República Almeida Santos, de diversos colaboradores de Jorge Sampaio na altura em que presidiu à autarquia e de elementos do actual executivo, Costa elogiou ainda Sampaio «em todas as funções públicas que desempenhou».

«Jorge Sampaio foi sempre igual a si mesmo e fiel aos seus ideais de juventude», afirmou, acrescentando: «Percebeu que as cidades de hoje não se governam com improvisações casuísticas, medidas avulsas, impulsos propagandísticos, simplificações grosseiras, voluntarismos inconsequentes».

O presidente da Assembleia Municipal na altura do mandato de Jorge Sampaio, o escritor José Saramago, também usou da palavra para sublinhar que prefere destacar o «factor humano» de «alguém a quem todas as homenagens seriam devidas».

«É algo que não está muito na moda, o sentimento de bondade. Isto devia ser normal, mas não é. A bondade converteu-se em algo que é como dizer que aquele tipo é tonto. Que é um bom tipo», disse Saramago.

«Jorge Sampaio não é um bom tipo. É um homem bom. É a mesma pessoa com quem eu andei na campanha há 20 anos», afirmou o escritor, para mais à frente lamentar o facto de os dois terem «falado pouco».

«Eu e ele cometemos um grave erro: Devíamo-nos ter visto mais vezes, ter conversado, exposto dúvidas», disse, sublinhando que «uma pessoa como Jorge Sampaio não se encontra ao virar da esquina».

«Só se ele for a virar a esquina», gracejou.
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