PSD perde, mas Rui Rio sai com a confiança reforçada - TVI

PSD perde, mas Rui Rio sai com a confiança reforçada

Sociais-democratas recuperaram vários concelhos. Confira todas as contas aqui

O presidente do PSD afirmou na madrugada desta segunda-feira que o partido teve “um excelente resultado” nas eleições autárquicas de domingo, afirmando que “ainda pode ser melhor”. Rui Rio disse isto ainda antes de saber que Carlos Moedas tinha vencido a corrida em Lisboa, o que acaba por ser o grande resultado da noite, sendo também surpreendente, uma vez que todas as sondagens davam uma clara vantagem a Fernando Medina.

O PSD teve um excelente resultado nestas eleições que ainda pode ser melhor do que aquilo que já é neste momento”, afirmou Rio, numa referência ao então resultado ainda incerto em Lisboa, em declarações aos jornalistas na sede nacional do PSD.

O presidente do PSD defendeu que o partido cumpriu todos os objetivos traçados - mais votos, mais eleitos e encurtar a diferença para o PS - “contra sondagens e comentadores”.

De resto, olhando para as declarações de Rui Rio e de António Costa, fica claro que o PSD sai mais satisfeito da noite eleitoral do que o PS. Uma questão de expectativas, certamente, e que culmina com a surpreendente vitória de Carlos Moedas na capital, que acabou por virar do avesso uma noite que até se chegou a prever de catastrófica para Rui Rio.

Neste ponto, possíveis candidatos às eleições internas no PSD perdem alguma força. É certamente o que acontece com Paulo Rangel, nome que começava a ser fortemente apontado à liderança, e que talvez perca força com o resultado autárquico. É precisamente isso que pensa Miguel Sousa Tavares, que diz que uma eventual candidatura do eurodeputado vai ter de ficar "em banho-maria".

Sem se querer comprometer com uma análise mais profunda nesse tema, Manuela Ferreira Leite disse apenas que Paulo Rangel tem um perfil ideal para liderar os sociais-democratas.

Vamos a contas

Pelas 04:00, quando faltavam ainda atribuir 9 câmaras, o PSD sozinho registava vitórias em 71 municípios, a que se somavam outras 40 em coligação, num total de 111 concelhos. Um resultado francamente melhor que o de 2017, em que conquistou 98 autarquias.

Estas contas fazem-se com a vitória em 29 câmaras, muitas delas ganhas ao PS. Mas o PSD acabou por perder em 16 autarquias onde governava.

O total nacional foi superior a 27%, bem longe dos cerca de 16% obtidos em 2017, o que acaba por espelhar uma clara melhoria nos sociais-democratas.

Destaque ainda para as vitórias do PSD em Barcelos ou Vila Viçosa. Se no primeiro caso o candidato foi uma aposta clara do presidente do partido, o segundo marca uma viragem à direita raramente vista. Da CDU em 2017, a autarquia alentejana passa para o laranjas em 2021, com o partido a alcançar mesmo a maioria absoluta, com mais de 50% e três dos cinco vereadores, quando em 2017 não tinha elegido qualquer mandato, e se tinha ficado pelos 9%.

Algumas das grandes apostas de Rui Rio eram Miranda do Douro, Vila Flor e Lamego. Nestas localidades foi o PSD quem ganhou, "roubando" a presidência da câmara a autarcas socialistas. Já em Sabrosa, Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros e Vinhais, que também eram aposta do partido, voltou a verificar-se uma vitória do PS.

Noutros concelhos considerados mais difíceis pelos sociais-democratas, mas que o partido julgava serem possíveis de conquistar, o PSD ganhou ao PS em Figueira de Castelo Rodrigo, perdendo em Trancoso, Oliveira do Hospital, Peniche ou Aguiar da Beira.

Noutra perspetiva, o partido conseguiu segurar a autarquia de Albufeira, embora tenha perdido na Póvoa de Lanhoso.

Mas uma das grandes derrrotas da noite laranja foi no Algarve. Em Vila Real de Santo António, onde o PSD governava há 16 anos, foi o PS quem conseguiu levar a melhor.

Grande destaque ainda para as câmaras do Cartaxo e de Reguengos de Monsaraz, que desde o 25 de abril de 1974, em eleições democráticas, foram sempre do PSD. De resto, e referindo-se em concreto à primeira destas autarquias, Rui Rio deixou uma palavra especial pela vitória.

Em sentido contrário, os sociais-democratas perderam os concelhos de Ferreira do Zêzere e Penela para o PS, autarquias estas que se mantinham como bastiões laranjas desde que foi instaurada a terceira república.

Em 2017, o PSD teve o seu pior resultado de sempre, que levou à demissão do anterior líder, Pedro Passos Coelho: os sociais-democratas conquistaram 98 presidências (79 sozinhos e 19 em coligação), perdendo oito câmaras em relação a 2013, quando totalizavam 106 concelhos.

Além de mais câmaras e mais eleitos, os sociais-democratas tinham também apontado como meta encurtar a distância para o PS, que liderava mais 63 municípios, o que também será conseguido, com a diferença entre os dois partidos a poder reduzir-se para menos de 40 autarquias.

Além da vitória em Lisboa, no final da noite, Rui Rio destacou as conquistas de Coimbra, Portalegre ou Funchal, que vão permitir ao partido liderar nove das 18 capitais de distrito (contra cinco do PS) e as duas capitais das Regiões Autónomas.

Além das três novas capitais de distrito, os sociais-democratas mantêm Aveiro, Braga, Bragança, Faro, Santarém e Viseu e têm como principal revés a Guarda, perdida para o ex-presidente da concelhia social-democrata que concorreu como independente depois de ser preterido pela direção nacional.

Finalmente, Rio realçou o reforço da votação do partido nos centros urbanos: Lisboa, Porto (onde o PSD sobe de 10,6% para 17%, taco a taco com o PS), mas também Sintra, Amadora ou Loures.

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