Vistas foi padrinho de casamento do juiz que recusou listas de Isaltino - TVI

Vistas foi padrinho de casamento do juiz que recusou listas de Isaltino

  • CM
  • 9 ago 2017, 22:28

Presidente da Câmara de Oeiras e candidato às próximas eleições autárquicas admite ligação a Nuno Cardoso, mas diz que também Isaltino Morais conviveu e trabalhou com o magistrado, que foi militante do PSD

O candidato e presidente da Câmara de Oeiras Paulo Vistas acusou, nesta quarta-feira, Isaltino Morais de querer "condicionar o poder judicial" e os tribunais com as acusações sobre ligações existentes com o magistrado que recusou a candidatura.

O que o doutor Isaltino está a tentar fazer é algo que não se deve fazer, é condicionar o poder judicial, é condicionar os tribunais", afirmou o independente Paulo Vistas.

O presidente da autarquia e candidato do movimento Independentes Oeiras Mais à Frente (IOMAF) considerou que "os tribunais, o sistema judicial, têm mecanismos para garantir a imparcialidade da decisão" e que a resposta deve ser tomada através de recursos.

O que o doutor Isaltino está a fazer é focar-se em outras candidaturas, mais concretamente nas nossas candidaturas, para exercer uma pressão sobre o poder judicial. É inadmissível", reforçou.

Paulo Vistas afirmou "estar de consciência tranquila" pela obra que realizou, apesar de admitir que foi "um dos padrinhos" de casamento do magistrado do tribunal de Oeiras que recusou a candidatura de Isaltino Morais.

E assegurou que só tomou conhecimento da intervenção do juiz na análise das candidaturas quando foi notificado do despacho na terça-feira e que Isaltino Morais também conhece pessoalmente o magistrado "do mesmo sítio", porque antes de enveredar pela magistratura "militou no PSD".

Portanto, quer eu e quer o doutor Isaltino convivemos, trabalhámos, estivemos com o senhor doutor juiz", destacou o autarca, confirmando que o magistrado "fez parte da comissão política do PSD/Oeiras, da qual o doutor Isaltino era presidente da assembleia de militantes".

O recandidato disse ficar triste com as declarações de Isaltino Morais, depois de no passado ter combatido a seu lado "as insinuações" e "os boatos", e que todas as candidaturas devem cumprir o que está na lei.

Em relação a um auto da PSP que registou a recolha de assinaturas da sua candidatura sem que possuísse a identificação dos candidatos, Paulo Vistas explicou que essas assinaturas não foram utilizadas no processo entregue no tribunal.

O presidente da autarquia, depois de durante a tarde de hoje ter acusado Isaltino Morais na rede social Facebook de o ter "difamado", escusou-se a responder se irá atuar judicialmente contra o antigo presidente da câmara.

Paulo Vistas confirmou ainda que a mulher do magistrado "trabalha para uma empresa que presta serviços" aos Serviços Intermunicipalizados de Água e Saneamento (SIMAS) de Amadora e Oeiras, na área laboratorial, mas que nada teve a ver com essa contratação.

O Tribunal de Oeiras rejeitou, na terça-feira, a candidatura de Isaltino Morais pelo movimento Isaltino-Inovar Oeiras de Volta por irregularidades na apresentação das listas de candidatos.

No mesmo dia, Isaltino Morais convocou uma conferência de imprensa para garantir que cumpriu "escrupulosamente a lei" e questionou a imparcialidade do juiz Nuno Cardoso por Paulo Vistas ter sido padrinho de casamento do magistrado.

O atual presidente da câmara considera que a "forma mesquinha" manifestada pelo seu antecessor afasta os cidadãos da política.

O Conselho Superior da Magistratura anunciou hoje que vai abrir um inquérito "para cabal apuramento da situação", sobre a alegada relação entre o juiz e o candidato do IOMAF.

Para as eleições de 1 de outubro em Oeiras foram já anunciados como candidatos Paulo Vistas (IOMAF), Miguel Pinto (BE), Heloísa Apolónia (CDU), Safaa Dib (Livre), Pedro Torres (PAN), Pedro Perestrello (PNR), Ângelo Pereira (PSD/CDS-PP) e Joaquim Raposo (PS).

Os independentes Isaltino Morais (Isaltino-Inovar Oeiras de Volta) e Sónia Amado Gonçalves (Renascer Oeiras 2017) também apresentaram candidaturas mas foram chumbadas pelo Tribunal de Oeiras, embora ambos tenham anunciado que vão recorrer da decisão.

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