Porto: adiamento não resolve problema do Aleixo

A decisão do presidente da Câmara Municipal do Porto em adiar a demolição do Bairro do Aleixo para depois das eleições autárquicas é acertada, mas não resolve o problema. É esta a posição dos candidatos do Partido Socialista (PS) e do Bloco de Esquerda (BE) à autarquia.

Demolição do Aleixo? Só se for depois das eleições

Em declarações à Lusa, a candidata socialista, Elisa Ferreira, acusa Rui Rio de estar a cometer «um erro de má gestão» no Bairro do Aleixo, ao tratar das «questões imobiliárias sem tratar das questões sociais», um problema que «se mantém se ele ganhar as eleições».

Elisa Ferreira considera, ainda, que uma eventual vitória de Rui Rio nas eleições não lhe dá legitimidade para demolir o bairro.

«Não há só a legitimidade das urnas. Há também a questão ética. O destino daquelas pessoas não pode ficar nas mãos de privados. Cabe à entidade pública, à Câmara do Porto, proteger as pessoas. A responsabilidade pública pelas pessoas não pode ser transferida para privados», alerta.

Na mesma linha, o candidato do Bloco de Esquerda, João Teixeira Lopes, aplaude a decisão de Rui Rio, mas sublinha que apenas se «adia o problema».

Teixeira Lopes considera que, com a demolição do bairro e o plano que tem previsto ao nível dos realojamentos, Rio vai «destruir o que, durante anos, ali se construiu, ou seja, uma comunidade».

Para o BE, o problema resolve-se realizando um referendo local à população do Aleixo e criando ali uma sala de chuto, que acabaria com o tráfico de droga.

E se, a par do Aleixo, Elisa Ferreira aponta o Parque da Cidade e o mercado do Bolhão como outros exemplos de «má gestão pública» de Rui Rio, Teixeira Lopes deixa uma interpelação ao autarca portuense: «Não percebo é porque Rui Rio não adia outros dois projectos que vão desfigurar a cidade - o projecto para o Palácio de Cristal e o do mercado do Bom Sucesso. Não percebo porque não utilizou a mesma bitola».