Catarina Martins avisa que campanha para europeias vai ter “muito lixo” - TVI

Catarina Martins avisa que campanha para europeias vai ter “muito lixo”

  • 10 fev 2019, 21:29

Coordenadora do BE deixa críticas a Paulo Rangel, cabeça de lista do PSD às europeias, e a Nuno Melo, da parte do CDS-PP

 A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) alertou hoje para a campanha das eleições europeias que vai ter "muito lixo” e onde as pessoas sem projetos “discutem tudo menos o essencial” e apontou o dedo aos candidatos.

Vamos ter uma campanha em que, seguramente, haverá muito lixo, haverá muitos ataques descabelados, muitas mentiras a circular, temos visto isso a crescer em vários países, chega a Portugal também”.

No discurso de encerramento de dois dias de formação para jovens, “Inconformação”, em Carregal do Sal, no distrito de Viseu, que juntou cerca de 150 jovens de todo o país, a coordenadora do BE alertou que “quem não tem programa precisa de inventar lixo para esconder falta de projeto”. “Há quem esteja mais interessado em produzir lixo e vamos ter muito lixo a ser produzido, por quem não quer mostrar o seu programa, por quem não diz como é que vai fazer aquilo a que se propõe fazer”, acusou.

No entender de Catarina Martins vai haver “também outro problema, que são as pessoas que discutem tudo menos o essencial” e vai ver-se e ouvir-se “dizer as frases com o ar mais sério, como se fossem as mais essenciais sobre a Europa, sem que se perceba de que é que estão a falar” e, neste sentido, a líder bloquista aponta o dedo aos candidatos às eleições de 26 de maio.

Paulo Rangel, por exemplo, do PSD, diz que é europeísta e nós pensamos: bem, estamos em Portugal, país do continente europeu, não vamos a lado nenhum, cá estamos, o que é que quer dizer Europeísta? O problema não é se somos europeístas, o problema é que Europa queremos? Que país é que queremos? Para onde é que vamos?”.

Catarina Martins referiu também o atual primeiro-ministro António Costa, que “disse que a Europa precisa de mais orçamento” e apesar de achar “muito bem", questionou para que é o orçamento que pede.

“Qual é a política que queremos fazer com esse mais orçamento que a Europa precisa? Porque se for mais orçamento para mais PPP [Parcerias Público Privadas] se calhar não, já tivemos disso o suficiente”, considerou Catarina Martins que também questionou as vontades de Nuno Melo, do CDS-PP.

[Nuno Melo] diz que quer menos impostos. Está bem, mas é sobre o trabalho ou sobre o capital? Porque se é para o dinheiro continuar a fugir todo do sistema financeiro para os ‘offshores’ e quem trabalha fica com toda a carga fiscal para assegurar as funções básicas do Estado, não é uma grande ideia”.

Catarina Martins, perante mais de centena e meia de jovens, assumiu que o que é preciso é “equilibrar a balança, de ir cobrar impostos àqueles que fogem para que quem trabalhe não tenha de pagar tantos” e para que Portugal “possa ter o Estado social e as infraestruturas” que são precisas.

“Quando discutimos futuro, quando discutimos Europa, aquilo que temos de discutir é o que queremos fazer? O que é que nós queremos fazer? E este combate vai ser muito complicado”, considerou a líder que avisou que a campanha eleitoral “vai ser sobre tudo, menos o que conta, a vida das pessoas”.

Depois de questionar as opções dos candidatos da direita e do primeiro-ministro, Catarina Martins disse que o Bloco de Esquerda contrapõe dizendo que o partido “tem um programa de segurança para responder aos tempos de enorme instabilidade na Europa” e apresenta os tópicos.

“Dignidade no trabalho, segurança no trabalho, quem trabalha constrói o país, precisa de ser respeitado. O que redistribui a riqueza é o salário, é por aí que começamos: estado social universal, acesso à saúde, à educação, à justiça para toda a gente, condições de igualdade, não deixar ninguém para trás e responder pelo ambiente”, adiantou.

A líder bloquista assumiu que, até às europeias, a tarefa do BE “é obrigar a que se faça debate político que conta” e acusou que quem não disser ao que vem “está a desistir das exigências das gerações mais jovens que já perceberam que ao se responde pela urgência do clima ou não há nenhum sítio onde as pessoas se possam esconder”.

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