Em Estremoz, numa visita ao mercado, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, acusou PSD e CDS de estarem empenhados em que a comissão de inquérito em curso sobre a recapitalização da GGD "não possa tirar conclusões".
Há uma comissão de inquérito em curso ao processo que levou à necessidade de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos e essa comissão de inquérito já teve duas audições que não ocorreram, por culpa do PSD e do CDS", disse Catarina Martins.
Para Catarina Martins, "há matérias tão importantes como a recapitalização mal feita pelo anterior governo e a venda da [seguradora] Fidelidade aos chineses da Fosun, que acabaram por comprar a Fidelidade com o dinheiro da própria Fidelidade, que devem ser investigadas pela comissão de inquérito em curso e devem ter conclusões".
Parece-nos que o PSD está a fazer tudo para que não haja conclusões dessa comissão de inquérito em curso, e isso o Bloco de Esquerda não permite".
Segundo Catarina Martins, o Bloco de Esquerda participa "sempre com muito empenho em todas as comissões de inquérito", mas "devem ter conclusões", considerou.
Solidária com "democracia em Angola"
A líder do Bloco de Esquerda salientou ainda que o seu partido "é solidário" com aqueles que querem "uma democracia em Angola" e defendem para aquele país "uma separação do poder político e do judicial".
Portugal é uma democracia, um Estado de direito, em que há separação entre o poder judicial e o poder político. Se em Angola isto não é claro, é um problema sobretudo para o povo angolano", disse Catarina Martins.
Em causa estão as recentes divergências manifestadas pelo governo angolano, face à acusação judicial de que é alvo em Portugal, o vice-presidente Manuel Vicente.
Nenhum interesse de negócios pode levar a que Portugal ceda na prossecução da justiça e na independência do poder judicial em relação ao político", defendeu Catarina Martins.
O Governo angolano classificou na sexta-feira como "inamistosa e despropositada" a forma como as autoridades portuguesas divulgaram a acusação do Ministério Público de Portugal ao vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente, e alertou que essa acusação ameaça as relações bilaterais.
A posição surge numa nota do Ministério das Relações Exteriores de Angola, distribuída na sexta-feira, protestando veementemente contra as referidas acusações, "cujo aproveitamento tem sido feito por forças interessadas em perturbar ou mesmo destruir as relações amistosas existentes entre os dois Estados".