Catarina Martins: populismos combatem-se com “respostas concretas” - TVI

Catarina Martins: populismos combatem-se com “respostas concretas”

  • Atualizada às 19:47
  • 15 dez 2018, 18:46
Catarina Martins

Coordenadora do Bloco de Esquerda defende uma lei de bases da saúde que garanta o acesso “a toda a gente e não seja negócio de uns poucos”

A coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu este sábado que os populismos se combatem com “respostas concretas”, e pediu uma lei de bases da saúde que garanta o acesso “a toda a gente e não seja negócio de uns poucos”.

Numa sessão pública em Lisboa com o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) brasileiro, Guilherme Boulos, Catarina Martins afirmou que, no Brasil, na Europa ou em Portugal, o combate aos extremismos passa por “respostas concretas e solidariedade internacionalista”.

Quando alguém aqui nos diz que, se calhar Portugal é um pais diferente, mas que é preciso ter cuidado com os populismos, o que é preciso é responder à gente”, defendeu.

Para Catarina Martins, essa resposta tem de ser dada em áreas como a habitação, os transportes, a educação – apontando a generalização dos manuais gratuitos -, mas também na saúde.

Responder há de ser uma lei de bases da saúde que garanta o acesso à saúde a toda a gente e não seja negócio de uns poucos”, afirmou, num reparo implícito à Lei de Bases da Saúde aprovada pelo Governo esta semana.

Catarina Martins, que no final da sessão não prestou declarações à comunicação social, abordou de passagem na sua intervenção outro dos temas da semana, o acordo alcançado entre os estivadores do porto de Setúbal e as autoridades portuárias, com mediação do Governo.

Responder quer dizer que, quando nós vemos os estivadores a conseguirem um contrato de trabalho, sabemos que a seguir os trabalhadores do ‘call center’ também terão um contrato de trabalho”, apontou.

Para a coordenadora do Bloco, “responder por uns, responder por umas, é responder por todos, responder por todas”.

É dessa matéria que somos feitos: aqui, no Brasil e por toda a Europa”, afirmou, garantindo apoio aos compatriotas brasileiros na sua “luta nas ruas”.

A coordenadora do BE salientou que, antes da eleição do Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, houve quem, em Portugal, tivesse “tomado posições ambíguas, dizendo que defendia a democracia”.

A ambiguidade não pode morar aqui”, apelou.

"Geringonça" portuguesa

Na sessão, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) brasileiro, Guilherme Boulos, invocou a atual solução política portuguesa para defender a criação de uma “frente ampla de defesa da democracia” no seu país.

A experiência portuguesa ensina-nos que é possível manter a autonomia, respeitar a diversidade e ao mesmo tempo estarmos junto no fundamental para derrotar a direita e a extrema-direita (…) A nossa tarefa no Brasil é criar uma frente ampla de defesa da democracia e da liberdade dos nossos povos”, afirmou.

Boulos sublinhou que, antes de ser eleito, Bolsonaro apontou como caminho para os opositores “a cadeia ou o exílio”, mas garantiu que a terceira opção será o combate nas ruas, “num processo de resistência legítimo e democrático”.

Temos todas as razões para estar preocupados com o futuro da democracia brasileira”, alertou.

Em declarações à Lusa, à margem da sessão, Guilherme Boulos explicou que o objetivo da sua visita a Lisboa e Porto (também esteve em Estrasburgo no Parlamento Europeu) é criar “uma rede de solidariedade” para com o povo brasileiro, que fique atenta à violação de direitos humanas e a ameaças à democracia a partir de 01 de janeiro, data da posse de Bolsonaro

Estamos a propor a visita de um conjunto de partidos, intelectuais, organizações sociais europeias ao Brasil no início de fevereiro para fazer uma mesa com movimentos sociais e lideranças de oposição para que possam, ‘in loco’, compreender a situação preocupante do Brasil nesse momento”, afirmou.

Bolsonaro e relações com Portugal

Questionado pela Lusa se a vitória de Bolsonaro poderá prejudicar as relações do Brasil com Portugal e com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Guilherme Boulos disse acreditar que terá um impacto negativo.

Bolsonaro já anunciou, assim como o seu ministro das Relações Exteriores, que a sua relação prioritária, eu diria de subordinação, será com os Estados Unidos, preterindo os próprios países latino-americanos, o Mercosul, a União Europeia, os países lusófonos”, apontou.

Na opinião do ativista social, a presidência de Bolsonaro não irá dar prioridade a instrumentos multilaterais como a CPLP, o Mercosul ou mesmo o bloco de mercados emergentes, os Brics, que tem sido uma aposta do Brasil.

A política externa brasileira vai ser conduzida por alguém que diz que o aquecimento global é uma invenção de marxistas, não está apto para representar os interesses do Brasil no mundo”, criticou, referindo-se ao diploma Ernesto Araújo.

Tememos também que as relações com Portugal não sejam tratadas de maneira adequada por esse governo”, acrescentou.

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