O líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, o primeiro partido a reagir, classificou como “um ato de dissimulação” o facto de acoligação PSD/CDS falar de estabilidade quando foi a maioria “quem mais instabilidade criou na vida das pessoas”, em declarações à Lusa.
“Os dois discursos de Passos e Portas têm um enorme descaramento. A maioria parece querer fazer dos portugueses menos do que eles são e achar que eles não têm qualquer memória e que não se lembram das responsabilidades ao longo destes quatro anos”
Passos Coelho pediu um "resultado politicamente inequívoco" nas eleições legislativas do próximo dia 4 de outubro e Paulo Portas atacou a "confiança" do líder do PS António Costa, dizendo que a coligação é que dá esse sentimento aos portugueses. O Bloco discorda:
“Falar de confiança quando traíram a confiança das pessoas, ao fazer o contrário do que tinham prometido em campanha eleitoral, é a demonstração desse descaramento; e falar em vitória inequívoca da maioria é, de facto, achar que as pessoas passaram um pano quente sobre tudo o que se passou ao longo de quatro anos e que, com certeza, ninguém esquece”, sustentou.
Antecipando que este é o prenúncio de uma derrota da maioria, já que é “um discurso que é repetido para mais quatro anos de austeridade e que não está à altura das necessidades do país”, o líder parlamentar bloquista apontou as eleições legislativas de outubro como “a possibilidade de virar esta página negra”.
“Ao fazer tábua rasa de tudo o que correu mal ao longo destes quatro anos, Passos Coelho fala num futuro baseado nas mesmas políticas. Aliás, esta é a maioria que já tem acordada com o Fundo Monetário Internacional (e na manga, porque não mostra a ninguém), um conjunto de novos cortes para depois das eleições e por isso não merece a confiança para continuar no futuro”
"Uma sucessão de tretas"
O PCP considerou também utilizou, como o Bloco, o discurso de que o Governo "está inequivocamente derrotado".
"Este comício do Pontal não prima pela novidade, o que de facto o caracteriza é a sucessão de tretas, nomeadamente a ideia de que o país está melhor, a ideia de que é necessária a estabilidade deste Governo e desta política para que ele continue a melhorar. É falso, no entender do PCP, e precisa de ser denunciado e combatido"
Carlos Gonçalves, da comissão política do Partido Comunista, entende que "a questão agora é tornar essa derrota numa derrota política da direita, numa derrota política do PSD, do CDS e também do Partido Socialista".
No escrutínio, o PCP terá uma “grande oportunidade” de rutura e de reforço, para garantir uma nova política e “um Portugal com futuro”.
"Ao contrário do que diz o Governo, o país não está melhor” e “o Governo não deu a volta à situação", disse, recordando que há uma dívida “em crescimento e que é insustentável, um desemprego que, apesar de todas as marteladas, continua a envolver mais de um milhão de trabalhadores" e "uma economia que não sai da anemia".
As críticas dos comunistas estenderam-se ainda ao PS e às suas promessas.
"O PSD e o CDS, e também o PS de outra forma, insistem no caminho das falsas promessas, promessas que não pensam cumprir em circunstância nenhuma e que vão, no dia a seguir às eleições, abandonar, como sempre fizeram"
O partido considera chocante que o Governo se afirme empenhado no combate às desigualdades: “Temos 2,7 milhões de pobres, o nível de vida regrediu 25 anos. Se é este o combate às desigualdades já chega, é melhor pararmos, mudar de política”.