Adiamento de sanções: "chantagem e "ataque à democracia em Portugal" - TVI

Adiamento de sanções: "chantagem e "ataque à democracia em Portugal"

Catarina Martins

Catarina Martins, do BE, diz que adiamentos sucessivos sobre sanções servem para fazer pressão sobre atual Governo. PCP diz que adiamento faz parte de "processo de chantagem" com apoio de PSD e CDS

O PCP é da opinião que o adiamento de uma decisão sobre eventuais sanções a Portugal faz parte de um "processo de chantagem" e acusou PSD e CDS-PP de estarem ao lado da Comissão Europeia contra o país.

Em declarações aos jornalistas, no parlamento, o líder parlamentar do PCP enquadrou este adiamento num "processo de chantagem e de pressão sobre o país por parte da Comissão Europeia" e instituições europeias em geral, destinado a "reverter todas as medidas positivas que têm sido tomadas" em Portugal e a "recuperar a política do anterior Governo".

João Oliveira alegou que, "por isso, talvez não seja de estranhar que o PSD e o CDS-PP acabem por voltar à posição inicial, alterando a crítica que faziam às sanções, novamente colocando-se ao lado da Comissão Europeia, contra o país, contra os portugueses, defendendo que afinal as sanções devem ser aplicadas".

Segundo o líder parlamentar do PCP, trata-se de um processo dirigido "contra este Governo e contra as medidas que têm sido tomadas na Assembleia da República" e que pretende pôr em causa a tomada de decisões "no exercício da soberania nacional" de Portugal.

"Com esses objetivos, têm vindo a ser desenvolvidas estas operações de chantagem e de pressão sobre o nosso país, em que se integra esta nova decisão de adiamento, que nós rejeitamos, porque consideramos que aquilo que é necessário é defender a soberania nacional", reforçou.

João Oliveira disse que a possibilidade de aplicação de sanções a Portugal por défice excessivo tem por base a anterior governação PSD/CDS-PP, "que teve resultados que estão à vista".

Também a coordenadora do Bloco de Esquerda considerou que os "adiamentos sucessivos" da Comissão Europeia sobre as eventuais sanções a Portugal são para "fazer pressão sobre o atual Governo", criticando PSD e CDS por continuarem a integrar o Partido Popular Europeu.

Catarina Martins falava aos jornalistas na sede do BE, em Lisboa, precisamente depois de ter estado a responder em direto na rede social Facebook a perguntas sobre sanções a Portugal, sessão que decorria enquanto, em Estrasburgo, o comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, confirmou que as decisões sobre os Procedimentos por Défice Excessivo (PDE) a Portugal e Espanha não serão tomadas hoje, mas "muito em breve".

"A Comissão Europeia não pode sancionar o país e o que está a acontecer neste momento é um ataque verdadeiramente à democracia em Portugal e à nossa economia porque o que está a ser feito é fazer adiamentos sucessivos para fazer pressão sobre o atual Governo, sobre a atual maioria parlamentar com base na política da própria Comissão Europeia e da direita anterior a essa mudança em Portugal", criticou.

A coordenadora bloquista registou que "todos os partidos disseram que são contra as sanções", mas também que "PSD e CDS continuam a fazer parte do PPE [Partido Popular Europeu] que está a propor sanções", não percebendo como é que estes dois partidos portugueses continuam a fazer parte desta força política europeia.

"Registo que Assunção Cristas escreve cartas indignadas, mas que Nuno Melo não disse nada quanto o presidente do partido europeu em que está inserido pediu as sanções e registo que tanto Passos Coelho como Maria Luís Albuquerque vieram tentar dizer que as sanções têm a ver com o ano 2016. A direita neste momento está aliada a forças que estão a pressionar o nosso país", condenou, segundo a Lusa.

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