Porto: câmara faz «despejos com pretextos fúteis»

O BE/Porto acusou esta quarta-feira a autarquia da cidade de ter um comportamento «perverso» por efectuar uma série de despejos usando «pretextos inaceitáveis e claramente fúteis», noticia a Lusa.

«Queremos mostrar a nossa indignação a esta nova vaga de despejos de habitações municipais», afirmou José Castro, deputado do Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal do Porto.

O responsável referiu que os despejos estão a ser efectuados ao abrigo da lei de 1945, «do tempo do Salazar, criada para servir poderes ditatoriais».

Para o BE/Porto, a câmara terá feito «dezenas de despejos nos últimos meses», invocando «ausências das famílias» das habitações. «Isso não corresponde à verdade», frisou.

O BE apresentou dois casos concretos de famílias que saíram das suas habitações «temporariamente».

Um dos casos diz respeito a uma família que habitava no bairro S. João de Deus e que «quando foi feita a ordem de despejo por alegada ausência do domicílio já se encontrava na casa», referiu o bloquista. «Trata-se de uma família que esteve algum tempo fora de casa a prestar apoio a uma filha, mas não abandonou a habitação», sustentou José Castro.

Uma outra família, acrescentou, habitava no bairro da Pasteleira e esteve temporariamente na Irlanda, a ajudar o marido que teve um acidente de trabalho. «O que foi comprovado através de um atestado escrito em inglês», sustentou.

O BE entende que, com estes despejos «a Câmara do Porto quer ver se consegue aumentar o número de casas vagas». Prometeu contestar esta atitude da Câmara, que considera demonstrar «insensibilidade social», na próxima Assembleia Municipal, marcada para segunda-feira.