Assunção Cristas decreta o fim do BE como "pendor moral do regime" - TVI

Assunção Cristas decreta o fim do BE como "pendor moral do regime"

  • JFP
  • 1 ago 2018, 12:02

Assunção Cristas disse ver a renúncia ao mandato de Ricardo Robles como o resultado de "uma enorme pressão de toda a sociedade"

A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, defendeu esta quarta-feira que o caso de Ricardo Robles desmascarou o BE na sua "hipocrisia política" e arrogância, deixando de poder querer ser "o pendor moral do regime".

"O BE ficou desmascarado nas suas posições, muitas vezes demagógicas, procurando sempre posicionar-se com um certo nível de arrogância e de superioridade moral em relação a todos os outros partidos. Isso ficou desmascarado e o BE já não poderá continuar a querer ser o pendor moral do regime", defendeu Assunção Cristas aos jornalistas.

À margem de uma visita às ‘repúblicas seniores' do Centro Social e Paroquial de São Jorge de Arroios, em Lisboa, a líder centrista salientou que este caso não implica apenas o vereador bloquista da autarquia da capital, que acabou por renunciar ao mandato, mas todo o BE.

"Acho que este assunto não é um assunto de Ricardo Robles, é um assunto do próprio BE, porque o BE não se distanciou, no momento em que as coisas vieram a lume procurou desvalorizar e até atirar para cima da comunicação social, dizendo que estava a ser alvo disto ou daquilo ou de notícias que não eram verdadeiras", defendeu.

Assunção Cristas disse ver a renúncia ao mandato de Ricardo Robles como o resultado de "uma enorme pressão de toda a sociedade", numa atitude tomada "não por convicção", mas por ausência de alternativa.

"O BE entrou numa profundíssima contradição. Durante muito tempo andou a dizer algo que, de repente, se virou contra o próprio BE. O que nós sentimos é uma enorme hipocrisia política. No fundo, o BE quer uma realidade para os outros, mas para si próprio e para os outros escolhe outra", declarou.

"Convivo com Ricardo Robles como vereador há nove meses na Câmara Municipal de Lisboa, mensalmente, pelo menos mensalmente, oiço críticas profundas à atuação do CDS e à minha atuação, ditadas do alto de uma superioridade moral e de uma arrogância política que não tem limites. Se Ricardo Robles continuasse acho que tinha de ficar sempre de boca calada", disse Assunção Cristas.

A renúncia ao mandato de vereador por Ricardo Robles surgiu na sequência de uma notícia avançada na edição de sexta-feira do Jornal Económico segundo a qual, em 2014, o autarca adquiriu um prédio em Alfama por 347 mil euros, que foi reabilitado e posto à venda em 2017 avaliado em 5,7 milhões de euros. Manuel Grilo tem agora o cargo de vereador.

Lei que aguarda promulgação ataca “direito de propriedade”

Assunção Cristas defendeu que a lei que dá direito de preferência aos arrendatários ataca "o direito de propriedade" e vai impedir "muitos e bons projetos" de habitação para a classe média.

"Tive oportunidade de transmitir ao senhor Presidente [da República] na segunda-feira precisamente a preocupação do CDS em relação a esse diploma, porque, no nosso entender, vai bloquear totalmente a atividade económica na cidade de Lisboa, impedindo muitos e bons projetos, também direcionados para uma habitação de um nível social mais intermédio", afirmou Assunção Cristas.

A líder do CDS-PP disse aguardar pela decisão do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de promulgar ou não a lei, e sublinhou que "há uma desproporção nesse diploma, ataca o direito de propriedade e não trará bons resultados".

Assunção Cristas, que é vereadora em Lisboa, visitou na capital uma ‘república de séniores', em que vários idosos partilham um apartamento, sob a gestão do Centro Social e Paroquial de São Jorge de Arroios, apontando-a como um exemplo de inovação.

"Para problemas novos são precisas soluções novas, como vimos aqui, que passam muito por colocar no mercado de arrendamento a preços moderados o enorme património imobiliário da Câmara Municipal de Lisboa, da Santa Casa da Misericórdia, que são os dois grandes proprietários da cidade e das zonas mais turísticas", sustentou.

Para Assunção Cristas, a Câmara de Lisboa deve igualmente "exercer mais o seu direito de preferência, que é uma ferramenta que tem para garantir que as zonas de maior pressão turística continuam a ter habitação para pessoas de um rendimento mais normal, mais acessível".

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