O BE defendeu, esta quarta-feira, que a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) desmentiu o Governo em relação aos números dos professores, acusando o ministro das Finanças de ter montado "um guião financeiro desta crise artificial completamente baseado em mentiras".
Nas declarações políticas que decorrem no plenário da Assembleia da República foi o BE o primeiro a intervir, através do seu líder parlamentar, Pedro Filipe Soares, tendo criticado a "febre eleitoral do PS" em toda esta crise política relacionada com os professores, num debate que foi muito aceso e com trocas de acusações entre diferentes bancadas.
Os dados da UTAO trazem uma clarificação definitiva e indispensável e demonstram como o ministro Mário Centeno montou o guião financeiro desta crise artificial completamente baseado em mentiras. Percebemos que são contas 'à la' Eurogrupo. A UTAO desmente absolutamente o Governo e Mário Centeno", afirmou.
Pedro Filipe Soares referia-se às estimativas da UTAO que foram conhecidas esta quarta-feira e segundo as quais a recuperação integral do tempo de serviço de todas as carreiras especiais custaria 398 milhões de euros líquidos, pressionando as metas de Bruxelas, mas sem impedir o seu cumprimento.
Demonstra que os valores apresentados estão inflacionados, que incluem despesas que já estavam previstas para outros fins, confundem deliberadamente entre valores líquidos e valores brutos - aquilo que o Estado recupera em impostos e contribuições não estão contabilizados na proposta de Mário Centeno - e o calendário assumido pelo Governo para o cálculo do efeito das medidas propostas nunca foi proposto por nenhum partido nesta Assembleia da República e acabou por não nem sequer ser votado nenhum calendário na comissão", enumerou.
Na semana passada, na comissão de Educação, PSD, CDS-PP, BE e PCP isolaram o PS e aprovaram o princípio de que os professores terão direito à recuperação da totalidade do tempo no período em que houve congelamento.
Perante este passo, o primeiro-ministro, António Costa, numa declaração ao país, na sexta-feira, ameaçou demitir-se caso esse diploma seja aprovado em votação final global, alegando ser "injusto" socialmente e "insustentável" do ponto de vista financeiro.
No mesmo dia, o ministro das Finanças disse que a aprovação das alterações "é uma falta de respeito pelos eleitores, pelos contribuintes, pelos portugueses", ao implicar uma despesa de 800 milhões de euros, contra os 240 milhões que estavam previstos.