Bloco ataca direita com caso BES e PS com buraco da dívida - TVI

Bloco ataca direita com caso BES e PS com buraco da dívida

  • Sofia Santana
  • 22 set 2015, 23:51

Catarina Martins afirmou que esta quarta-feira é dia de o Governo "prestar contas" e que o PS vai continuar a "cavar" buraco da dívida

"Amanhã é um dia difícil para o Governo porque é o dia de prestar contas com o que tem andado a fazer." O aviso parte de Catarina Martins. A porta-voz do Bloco de Esquerda referiu-se esta terça-feira ao impacto que o adiamento da venda do Novo Banco terá no défice do ano passado. Isto porque o aumento do défice em 4,9 milhões de euros, a verba injetada pelo Fundo de Resolução no Novo Banco, será confirmada pelo Instituto Nacional de Estatística esta quarta-feira. 

"Amanhã é um dia díficil para o Governo, porque é o dia de prestar contas com o que tem andado a fazer. E nem sequer estou a falar das contas à Segurança Social, nem dos trabalhos na Tecnoforma. Amanhã vamos ficar a saber o défice que vamos ter em 2014. Amanhã vamos ficar a saber que o défice de 2014 é igual ao de 2011 e que o que andaram a fazer foi a empobrecer o país."


O caso BES serviu, de resto, para a dirigente bloquista disparar críticas em direção ao Governo, durante o jantar-comício em Leiria, esta terça-feira. Catarina Martins afirmou que no que toca à "vida das pessoas" o Executivo não teve dúvidas em aplicar cortes para cumprir as metas do défice, mas que a atitude foi bem diferente em relação ao sistema financeiro. 

"Estamos aqui para acertar contas com o sistema financeiro, que teve todo o privilégio."


As críticas foram para a direita, mas também para o Partido Socialista. Se de manhã, a porta-voz do Bloco tinha reiterado a ideia de que o partido estava disponível para um diálogo
com os socialistas, mediante certas condições, à noite, Catarina Martins usou a questão da dívida para atacar o PS.

"No dia 4 de outubro é preciso acertar as contas, sabendo que o gigantesco buraco da dívida é o gigantesco buraco onde cabem PSD e CDS, mas onde cabe também o PS. O buraco que PSD e CDS foram cavando para o país é o mesmo que o PS continuará a cavar porque não é capaz de assumir a responsabilidade de lidar com a dívida e o sistema financeiro."


E no seguimento das críticas, a dirigente do Bloco repetiu aquela que tem sido uma das ideias centrais da sua campanha: a de que há mais do que duas escolhas a 4 de outubro, a de que é necessário combater o voto útil.

"Pedimos que pensem qual é o voto útil. Não será o voto útil aquele de quem nunca baixa a cabeça? De quem foi ao Tribunal Constitucional e não deixou que houvesse mais cortes? [...] Há uma alternativa e chama-se Bloco de Esquerda."


Propostas radicais? Catarina Martins admite o radicalismo, mas apenas no que se refere à defesa dos direitos dos cidadãos.

"Quando nos dizem que as propostas do Bloco são radicais dizemos que sim: somos radicalmente defensores da dignidade, defensores de quem leva o trabalho a sério e não pode compactuar com falsos estágios nem com o abuso."


"Orbán é da família política de Passos e Portas"


Antes da intervenção da porta-voz do Bloco, Marisa Matias usou da palavra para falar em "milhares de lesados do programa do PSD". A bloquista afirmou que no dia 4 de outubro é "dia nacional da cobrança".

"Os que não pagaram os direitos a que temos direito vão ter de pagar dia 4 porque é o dia nacional da cobrança."


A crise de refugiados na Europa foi outro dos temas abordados durante a intervenção da eurodepuatda, que atacou os líderes da União Europeia pela resposta "vergonhosa" ao problema.

"Esta não é a nossa Europa, não é o nosso projeto." 

Sobre o papel do Governo português na resposta ao problema. Marisa Matias afirmou que Portugal tem capacidade para receber "mais do que 4000 refugiados".

"A quota vai em 4000. Nós somos um país de emigração. Nós temos a história do acolhimento, temos capacidade para receber mais que 4000 refugiados."


Para Marisa Matias, há "condições" para acolher refugiados na Europa, o que falta é "vontade política".

E a propósito do que está a acontecer na Hungria, a eurodeputa afirmou que isto só se verifica naquele país porque Viktor Orbán, o primeiro-ministro húngaro, é da "família política" de Passos Coelho e Paulo Portas.

"O que se passa na Hungria só se passa na Hungria porque o primeiro-minsitro é Orbán, da família política de Passos Coelho e de Paulo Portas."


Neste jantar-comício, também discursou o cabeça de lista por Leiria, Heitor de Sousa, que elencou os problemas da região, apresentando um manifesto eleitoral com 25 medidas que o partido quer aplicar neste distrito. O economista, que já foi deputado entre 2009 e 2011, apelou ao voto, para que Leiria possa, precisamente, recuperar "à esquerda" o deputado que perdeu nas últimas eleições.

 
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